quinta-feira, julho 18, 2013

Hungria rompe com FMI

Li no Expresso, num texto do jornalista Jorge Nascimento Rodrigues, que o governador do banco central húngaro enviou uma carta a Christine Lagarde solicitando o fecho do escritório do Fundo em Budapeste. Gyorgy Matolcsy, governador do Magyar Nemzeti Bank, o banco central da Hungria, escreveu hoje uma carta à diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, solicitando o fecho do escritório do Fundo em Budapeste. O banqueiro central alegou que não é necessário manter a presença do FMI no país. Matolcsy era o anterior ministro da Economia do governo chefiado por Viktor Orbán. A Hungria, durante a crise de 2008, contraiu em novembro um empréstimo junto do FMI, da União Europeia e do Banco Mundial num total de 20 mil milhões de euros, na vigência do anterior governo. Orbán formou governo em 2010. Naquele montante, a linha de empréstimo por parte do FMI foi de 15,7 mil milhões de dólares (cerca de 12,4 mil milhões de euros ao câmbio da altura). O atual governo declara que reembolsará o FMI do que lhe deve até final do ano. A Hungria tem três pagamentos para realizar ao Fundo, segundo as contas que apresentou: duas tranches de 913 milhões de euros no terceito e quarto trimestre deste ano e uma última de 299 milhões no primeiro trimestre de 2014. O país pretende antecipar esse pagamento de 2014. Em resposta à Reuters, o FMI respondeu que não substituirá a sua representante Iryna Ivaschenko, quando esta terminar em agosto a estadia. No final de 2011, o então ministro da Economia Matolcsy iniciou negociações com o FMI para a obtenção de uma linha "cautelar", que nunca  se concretizou. Em fevereiro de 2013, o Tesouro húngaro regressou aos mercados da dívida, pela primeira vez desde há dois anos, com uma emissão de obrigações em dólares num montante de 3,25 mil milhões.O atual governo húngaro tem sido acusado pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia de "comportamentos anti-democráticos", desde que Viktor Orbán entrou em funções. Em 2014 ocorrerão eleições legislativas. Segundo o "Budapost", esta decisão do governo tem um duplo objetivo: influenciar os mercados da dívida no sentido de uma descida das yields dos títulos e marcar pontos na próxima campanha eleitoral.
FICHA DE DADOS
- PIB (2012): 97,8 mil milhões de euros (59% do PIB português)
- Dívida soberana (2012): 76,6 mil milhões, equivalente a 79,2% do PIB (no caso português o rácio era de 123,6%)
- Défice (2012): 1,9% do PIB (no caso português era de 6,4%)
- Desemprego (maio 2012): 10,5% (17,6% em Portugal)
- Yields da dívida soberana a 10 anos no mercado secundário (15/7/2013): 5% (yields das obrigações do Tesouro português em 7,27%)
- Risco de incumprimento da dívida (15/7/2013): 18,7% (37,56% para Portugal)
- Notação de crédito: em níveis de dívida especulativa (vulgo "lixo financeiro") pelas três agências Moody's, S&P e Fitch (notações idênticas à portuguesa por parte da S&P e da Fitch e ligeiramente melhor pela Moody's)
- Moeda: florim (€1=292,5 florins)
- População: 9,9 milhões de habitantes