Escreve o Dinheiro Vivo que "está concluído, e com sucesso, o regresso da Irlanda ao mercado primário de dívida de longo prazo. O tigre celta colocou 5 mil milhões de euros de dívida com prazo a 10 anos, com os custos de financiamento a situarem-se nos 4,15%. Na primeira emissão de dívida de longo prazo feita desde que pediu o resgate financeiro em 2010, Irlanda superou o objetivo inicial de colocar entre 2,5 a 3 mil milhões de euros, ao colocar 5 mil milhões de euros. Na base desta revisão em alta do montante vendido no mercado primário está a forte procura, que durante as quatro horas em que os livros de ordens estiveram abertos superou a fasquia dos 12 mil milhões de euros. Esta forte procura originou uma descida dos custos de financiamento das obrigações do Tesouro que vencem em março de 2023. O custo inicial era de 250 pontos base acima das taxas de mercado, as mid swaps, que estão próximas dos 1,74%. Este custo recuou, ainda durante a operação, para os 245 pontos base, e viria a fechar nos 240 pontos base. Contas feitas e somando as duas taxas, a Irlanda pagou uma taxa de 4,15% para colocar os 5 mil milhões de euros de dívida a 10 anos. Isto significa que o tigre celta teve custos de financiamento inferiores aos que Espanha e a Itália pagaram nas últimas emissões com este prazo, de 4,92% e 4,83%, respetivamente. A última vez que o tigre celta emitiu dívida a 10 anos foi em 2010 antes do quase-colapso do seu sistema financeiro ter levado o país a pedir ajuda financeira em novembro desse ano. A operação está a ser organizada por um sindicato bancário composto pelo Barclays, Danske, Davy, Goldman Sachs, HSBC e Nomura. Esta é a primeira emissão de dívida de longo prazo que a Irlanda faz desde que pediu o resgate financeiro internacional em 2010 no valor de 85 mil milhões de euros. Esta operação acontece depois de na semana passada os líderes europeus terem aprovado uma extensão nos prazos do reembolso dos empréstimos internacionais, na tentativa de ajudar o país a reconquistar a confiança dos investidores e regressar aos mercados. Em termos de agências de notação, a S&P reviu, no passado dia 11 de fevereiro, o 'outlook' do rating da Irlanda para estável de negativo. A Moody's considerou que o acordo dos ministros europeus do alargamento dos prazos dos empréstimos seria "muito significativo para a Irlanda". Além de representar mais um passo no caminho para o acesso total ao mercado primário de dívida e ao novo programa de compra de dívida soberana do Banco Central Europeu, a operação de financiamento da Irlanda poderá levar Portugal a seguir o mesmo exemplo e, no curto prazo, realizar uma emissão semelhante de longo prazo".