domingo, dezembro 30, 2012

Venda de ‘jóias’ não paga os juros...

Escreve o Correio da Manhã num texto do jornalista Miguel Alexandre Ganhão que o “encaixe financeiro com a venda das empresas públicas – ANA incluída – não chega para o Estado pagar o serviço da dívida durante um ano. CM revela todos os números. Com a venda da ANA - Aeroportos de Portugal aos franceses da Vinci por 3,08 mil milhões de euros terminou o processo de privatizações definido para 2012. O Estado desfez-se das suas ‘jóias da coroa': a EDP foi para os chineses da Three Gorges por 2,7 mil milhões de euros, enquanto a REN foi dividida entre os investidores do sultanato de Omã (Oman Oil) e os chineses da State Grid por 592 milhões. Ao todo, o Estado português encaixou 6,37 mil milhões de euros, o que não chega sequer para pagar um ano de juros da dívida directa do Estado (6,88 mil milhões de euros no final de 2011). Segundo fontes governamentais, a oferta dos franceses da Vinci (que são accionistas no consórcio Lusoponte) foi a melhor quer do ponto de vista de preço (ofereceram mais 658 milhões do que os alemães da Fraport AG, que ficaram em segundo lugar), quer no que se refere às especificações técnicas para prolongar a vida de todos os aeroportos nacionais. Os novos donos da ANA vão poder aumentar as taxas cobradas no aeroporto da Portela, mantendo todas as outras, com excepção da Madeira. Considerado o aeroporto com as taxas mais altas da Europa, terão de baixá-las, faseadamente, durante os próximos 10 anos. Em Lisboa, a subida das taxas ocorrerá de dois em dois anos, tomando como termo de comparação os preços praticados num conjunto de 12 aeroportos europeus. Para além disso, haverá um limite de 11 euros para os aumentos propostos. A solução ‘Portela+1' (com uma infra-estrutura complementar ao aeroporto de Lisboa) foi definitivamente abandonada pelo Executivo. A construção de um novo aeroporto para a capital só irá para a frente se justificado por indicadores objectivos (evolução do número de passageiros evolução do número de movimentos na pista por hora). Será a concessionária a informar o Governo de que é necessária a nova construção, e, nesse caso, será aberto um período de discussão que pode durar 36 meses, onde a Vinci apresentará o seu projecto. Se o Executivo não concordar, pode resgatar a concessão e fazer ele próprio o novo aeroporto de Lisboa.
VINCI GERE 12 AEROPORTOS
AVinci Airports, subsidiária do Grupo Vinci para a gestão aeroportuária, tem actualmente sob gestão 12 aeroportos; nove em França e três no Camboja. É uma das maiores accionistas da Lusoponte.
ACABAM AS REGALIAS DA TAP
A TAP, que tem o centro da sua operação instalado na Portela, vai perder o tratamento preferencial que tem na infra-estrutura de Lisboa. A transportadora aérea paga uma taxa fixa e tem algumas rotas subsidiadas pela ANA através do programa governamental ‘iniciativa.pt' que tem 15 milhões para promover novas rotas aéreas até 2018. Aos franceses da Vinci cabe agora decidir se querem, ou não, continuar a integrar este pro-grama de apoio, em colaboração com o Turismo de Portugal. O contrato prevê que a nova concessionária preste todo o apoio ao desenvolvimento da operação da TAP em Lisboa, mas deixa uma razoável margem de liberdade para o aumento das taxas aeroportuárias. Sem qualquer alteração fica o acordo estabelecido com a companhia low cost Easyjet em Lisboa e Ryanair no Porto”.