Li no site da RTP que "o actual ministro alemão das Finanças teve hoje de responder perante uma comissão parlamentar de inquérito por acções e omissões suas na investigação de uma série de homicídios cometidos entre 2000 e 2007. Wolfgang Schäuble exerceu em parte desse período o cargo de ministro do Interior. O poderoso ministro alemão das Finanças, tão ou mais influente que Angela Merkel sobre so destinos da Europa e as opções políticas da troika, teve hoje de responder no Bundestag a uma série de perguntas que apontavam todas no sentido de saber se fez tudo o que devia para promover a investigação dos assassínios em série que custaram a vida a nove imigrantes e a uma agente da polícia. Uma investigação que nunca encontrou nada Com efeito, o balanço dessa investigação é dos mais desastrosos na história da polícia alemã. Durante sete anos a NSU, célula neonazi de Zwickau, assassinou oito imigrantes turcos e um grego, e depois também uma agente da polícia. Mas as investigações policiais partiram sempre de uma hipótese de trabalho errada - a de se tratar de ajustes de contas da "mafia turca". E, no entanto, os membros da NSU eram já conhecidos da polícia por detenção de armas proibidas e tinham passado à clandestinidade sem que isso, aparentemente, suscitasse nos investigadores qualquer suspeita de uma eventual ligação sua aos crimes. Para além do mais, a existência de pelo menos um agente infiltrado na NSU não serviu à polícia para suspeitar dessa ligação. Bem pelo contrário, serviu à NSU para obter armamento que considerava necessário. A incompetência policial, enquanto a série de homicídios prosseguia imperturbável, levou a que fosse discutida no Ministério do Interior a possibilidade de fazer intervir na investigação a polícia de investigação criminal (BKA), com outros meios e competências que os responsáveis do caso obviamente não possuíam. Mas essa proposta foi recusada. Finalmente a ligação da NSU com os crimes apenas foi descoberta por um acaso completamente alheio ao processo de investigação. Ao assaltarem um banco, dois membros da célula terrorista foram localizados e perseguidos pela polícia, acabando por aparecer mortos, aparentemente por suicídio, no carro que tinham usado para a fuga. Com eles estava a arma usada na série de homicídios.
Schäuble, responsável político da investigação Acontece que esta investigação absolutamente inútil teve a sua fase decisiva durante o mandato de quatro anos de Schäuble como ministro do Interior (2005-2009). Foi também durante esse mandato que foi recusada a proposta de associar a BKA à investigação. Hoje, no Bundestag, foi essa a questão mais importante que o presidente da comissão parlamentar de inquérito, o social-democrata Sebastian Edathy, colocou ao actual ministro das Finanças: se ele tivera alguma influência na recusa de uma participação da BKA. Curiosamente também os liberais, parceiros de Schäuble na mesma coligação governamental, reresentados na comissão por Hartfrid Wolff, fizeram sua a embaraçosa pergunta de Edathy. Segundo o Süddeutsche Zeitung, Schäuble defendeu-se de forma algo desafiante, afirmando que não se recordava da proposta, mas que a teria recusado se ela lhe fosse apresentada. Ao seu lado e em sua defesa, teve apenas a voz do deputado democrata-cristão Clemens Binninger: "Ter-se-ia, por certo, mudado de cavalo a meio da cavalgada, mas ter-se-ia continuado a cavalgar na mesma direcção errada".