segunda-feira, dezembro 10, 2012

...critica "frieza tecnocrática" do Governo

Segundo o Expresso, "o ex-líder social-democrata Luís Marques Mendes criticou hoje a "frieza tecnocrática" do Governo na comunicação de algumas medidas de austeridade e defendeu que áreas como a reforma administrativa podem afetar a "coesão" se "não forem explicadas". As afirmações do antigo presidente do PSD foram proferidas durante a Universidade Política do PSD/Lisboa, em Sintra, depois de questionado por um jovem participante, que o apontou como "muito crítico" do Governo, sobre se achava que o anterior governo socialista, de José Sócrates, "faria melhor" do que o executivo de coligação. "Eu não sou muito crítico da esmagadora maioria das decisões do Governo, sou muito apoiante, até, em geral", confessou Marques Mendes. Já em relação ao desempenho do PS e a José Sócrates, o antigo dirigente respondeu: "Eu espero que ele não vá ressuscitar, isso não faria bem à saúde democrática do país".
"Noventa por cento do que é feito por este Governo é imposto pelo exterior"
No entanto, admitiu que o PS "com outro líder no governo, no essencial, estaria a fazer essencialmente o mesmo, apesar de dizer o contrário". "Noventa por cento do que é feito por este Governo é imposto pelo exterior e para os restantes 10 por cento não há grande dinheiro para fazer substancialmente diferente", acrescentou. Sobre a sua posição crítica em relação ao Governo PSD/CDS, Marques Mendes defendeu que "às vezes os ministros podiam falar das matérias com mais afetividade e pedagogia e com menos frieza tecnocrática". "A mesma coisa pode ser dita de várias maneiras. Falta afetividade e há excesso de tecnocracia. As pessoas não são números", advertiu o ex-secretário de Estado.
"Há freguesias a mais"
Antes, a propósito de uma outra pergunta sobre a redução de freguesias em Lisboa, Luís Marques Mendes considerou que este é "um esforço difícil mas positivo" porque há "freguesias a mais", mas criticou que "do ponto de vista do discurso se acentue o que não é verdadeiro", ou seja, "que é para poupar dinheiro"."As pessoas nos meios rurais olham para a freguesia como se fosse sua propriedade, se isto não é bem explicado vai deixar marcas do ponto de vista da coesão. Sei que em Sintra, Cascais ou Lisboa isto vos não diz nada, mas o país é urbano e é rural, e é positivo que assim seja", afirmou. O antigo dirigente do PSD disse ainda que "a par de uma política de austeridade, que é indispensável para colocar o país a viver dentro das possibilidades", é preciso "cuidar de uma agenda para o crescimento". Manifestou "simpatia" por medidas como o "IRC mais baixo para atrair investimento" e "a ideia de reindustrializar o país".
"Eu aprecio o primeiro-ministro"
Marques Mendes disse que as suas críticas são "numa perspetiva construtiva", de forma a não "denegrir ninguém, nem criar dificuldades". O social-democrata deixou ainda elogios ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e disse que estará sempre "a seu lado", mesmo quando perder eleições: "Quando isso acontecer muitos abandoná-lo-ão, mas eu estarei ao lado dele, por muitos erros que cometa, ele é um homem corajoso e com sentido patriótico". "Eu aprecio o primeiro-ministro, não tanto por ele ser laranjinha mas por uma coisa que às vezes as pessoas desvalorizam: Coragem e sentido patriótico", afirmou. Marques Mendes, que sublinhou conhecer Passos Coelho há vinte anos, recordou uma frase do primeiro-ministro - "Que se lixem as eleições" - para dizer que o chefe de Governo é "mesmo verdadeiro" "e totalmente genuíno".
"Não estou na vida política nem tenciono a ela regressar"
No plano pessoal, Marques Mendes disse ter "um enorme apreço" e "admiração" por quem está na política e deixou uma espécie de alerta: "Não estou na vida política nem tenciono a ela regressar". A segunda intervenção da tarde na Universidade do PSD está a cargo do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que à chegada recusou prestar qualquer declaração aos jornalistas. A intervenção de Portas, que decorre numa sessão à porta fechada, é centrada no tema "Portugal, Europa e o Mundo Global".