quarta-feira, outubro 10, 2012

Banca portuguesa é a que mais sobe custo do crédito às empresas

Segundo o Dinheiro Vivo, "os bancos portugueses foram, num grupo de 11 países da zona euro, os que mais agravaram taxas de juro nos novos empréstimos às empresas desde o final de 2010, avança o Fundo Monetário Internacional (FMI). No Relatório da Estabilidade Financeira Global, divulgado ontem à noite, o FMI mostra que a banca portuguesa foi a mais rápida a subir taxas de juro nos novos empréstimos às empresas e a segunda que mais agravou o custo do crédito nos novos contratos junto das famílias. O período analisado é o de dezembro de 2010 a julho de 2012. Segundo a instituição, que cita números do BCE e estimativas própria, o aumento médio das taxas de juro nacionais no crédito empresarial superou os 80 pontos base (0,8 pontos percentuais), seguindo muito de perto pela banca italiana. Nos novos empréstimos às famílias - um cabaz composto por crédito à habitação, ao consumo e para outros fins - Portugal fica na segunda posição, com um agravamento ligeiramente superior a 0,8 pontos percentuais. Os bancos italianos lideram com uma subida de quase 1,2 pontos percentuais; Espanha fica na terceira posição, com um encarecimento em redor dos 0,7 pontos. Esta realidade muito adversa e da qual os empresários portugueses se queixam repetidamente - falta de acesso ao crédito ou dinheiro a custo muito elevado, sobretudo para as pequenas e médias empresas - está, dizem esses responsáveis, a levar muitas empresas à falência e a causar sérios obstáculos à atividade de empresas viáveis. Existem exemplos referidos amiúde de empresas exportadoras que, com fortes limites no acesso à banca, deixaram de ter dinheiro para comprar as matérias primas que depois usam para a sua própria produção, deixando assim de vender no exterior. Recusando encomendas, por exemplo. O estudo do FMI, que se debruça sobre 11 países do euro, mostra claramente que os países da periferia analisados (Irlanda, Chipre, Espanha, Portugal e Itália) são substancialmente mais caros que os países do centro (core) da Europa (Holanda, Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia e França). Neste último grupo, todas as bancas nacionais, exceto a de França, conseguiram descer o custo do financiamento seja às empresas seja às famílias. O Fundo diz que, em termos genéricos para os dois tipos de crédito, a diferença é qualquer coisa como: uma subida média de 65 pontos base na periferia contra uma descida de 20 pontos base em média nos países do centro. "Assim, a pressão sobre as economias da periferia continua a aumentar", avisa o FMI.Razões: "O risco de redenominação - a possibilidade de um país da área do euro regressar à sua moeda local - tornou-se numa força principal subjacente à fragmentação [entre periferia e centro]".
Drenagem destrutiva
O FMI explica ainda que "vários bancos grandes da União Europeia usaram as suas subsidiárias na periferia da zona euro para obter financiamento no âmbito das LTRO [as Operações de Refinanciamento de Longo Prazo do BCE]. Isto é, vários grupos bancários de grande dimensão usaram as obrigações dos países periféricos que detinha em troca de empréstimos a três anos baratos concedidos pelo BCE (LTRO), canalizando esse dinheiro de baixo custo para fora da periferia. Ironicamente esta última é a região em que os agentes económicos mais se queixam de asfixia no crédito, que está a conduzir a uma destruição maciça de emprego e a uma subida vertiginosa do desemprego. O FMI diz que os dados "revelam que bancos franceses, alemães e espanhóis usaram subsidiárias nos países periféricos para obter financiamento via LTRO". Esta drenagem de fundos é tão destrutiva que "alguns reguladores" tiveram de entrar em cena e aconselhar os bancos a pararem com estas operações".