
No entanto, tudo tem uma explicação. Na realidade, os Açores foram a RUP que mais dinheiro recebeu per capita de todas as RUP. De 1994 a 2013, os Açores terão recebido um total de 3.585 milhões de euros, o que é o 3º maior valor das 7 regiões. Foram 1.019 milhões de 1994 a 1999, cerca de 1.121 de 2000 a 2006, e 1.445 de 2007 a 2013 (estes dados estão contidos numa publicação de Luís Madureira Pires, intitulado "AS RUP na UE: Apoios ao desenvolvimento e papel institucional da CMU", depositado no FundEuropa). De 1994 a 1999 esse dinheiro representou 713 euros por açoriano e 6,9% do PIB; de 2000 a 2006 representou 670 euros por açoriano e 5,2% do PIB; e de 2007 a 2013 representou 850 euros, e 6,1% do PIB (de 2007). Em todos os casos trata-se, de longe, os valores mais elevados de todas as RUP (aliás, mais do dobro de todas as regiões, com excepção da Madeira no caso do investimento per capita).
Mais preocupante é o rumo que a Comissão Europeia vê para a economia regional. A publicação fala de "projectos emblemáticos", que são os seguintes:
- Estratégia na área energética coerente e abrangente baseada nas energias renováveis com uma abordagem integrada, por sua vez assente no programa "Ilha Verde" que envolve universidades e empresas (120 pessoas das quais 60 doutorados). As actividades de investigação são combinadas com realizações concretas das instalações geotérmicas, energia eólica e tecnologias de armazenamento, interconexão da energia dos Açores através de cabo submarino, etc. (Este programa tem como objectivo desenvolver novas tecnologias que sirvam para identificar soluções energéticas sustentáveis eficazes em termos de custos e opções que utilizem os recursos naturais existentes nestas zonas.)
- Melhor gestão dos lixos com os seguintes objectivos: prevenção na produção de água/resíduos, recuperação do seu valor e minimização dos seus efeitos negativos; promoção da eficiência ecológica nas empresas; apoio financeiro à gestão da água/resíduos e reciclagem.
- Desenvolvimento do sector do turismo através de uma abordagem sistémica integrada. O enfoque deve estar nos mercados nicho tais como: turismo de natureza, turismo de estâncias, golfe, turismo de saúde, cruzeiros, desportos, cultura, etc.
- Desenvolvimento de um cluster internacional de cuidados médicos (extensão da licenciatura de medicina na Universidade, ligada à criação de um cluster médico orientado e especializado em pessoas idosas, diagnósticos, tratamento, recuperação). A criação do Centro de Biotecnologia e Biomedicina dos Açores, na Ilha Terceira (parceria Universidade/hospital/governo) poderá ser um elemento de peso neste cluster da saúde.
- Projectos com um potencial de crescimento e um impacto sistémico, tal como o cluster do mar, concentram-se nas biotecnologias e nos recursos naturais, no desenvolvimento e internacionalização da Universidade e no estabelecimento do Pólo Tecnológico.
Alguns desses projectos já deverão ter sido abandonados...".
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