quarta-feira, maio 02, 2012

Mário Fortuna: “Espero que não haja a miopia de disfarçar o desemprego com medidas de cosmética”

Antes do problema do desemprego melhorar, vai ter que piorar porque os empregos que não são sustentáveis vão ter mesmo que desaparecer. Na perspectiva de médio e longo prazo, a única forma de repor empregos com sustentabilidade, é repor uma economia com sustentabilidade”, afirma o economista Mário Fortuna que, nesta entrevista, faz o diagnóstico da situação e aponta medidas para travar uma evolução do desemprego que, em seu entender, vai ser mais grave que o prognosticado pelo governo açoriano.

Correio dos Açores - No fim do primeiro trimestre o desemprego continua a agravar-se nos Açores. A situação é preocupante.

Mário Fortuna (presidente da câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada) - A situação tem o grau de preocupação que já tinha no início deste ano. A perspectiva era a de as estatísticas de Dezembro de 2011 sofressem agravamento. Todos os indicadores apontam, para já, neste sentido. Nestas questões não há golpes de magia para contrariar as grandes tendências a não ser que haja erros e não é provável que tenha havido erros nestas projecções. De resto, as tendências têm uma força própria. Portanto, resultam da inércia que se gera ou não se gera na economia. Não há inflexões drásticas nestas estatísticas que resultam, naturalmente, da vitalidade da economia. Se a economia está em queda como está em Portugal, é natural que o desemprego suba com maior ou menor intensidade do que a variação económica, dependendo de algumas peculiaridades sectoriais e das especificidades de alguns sectores e de algumas situações. O desemprego não acontece de forma suave e continuada. Por vezes, quando uma empresa fecha, surgem logo dezenas ou centenas de desempregados de uma só vez. Portanto, não é gota a gota que varia o desemprego. Alguns fenómenos peculiares podem determinar que haja uma variação aparentemente exagerada que resulta, eventualmente, também, de acumulações, de ajustamentos que não foram feitos em períodos anteriores" (leia aqui toda a entrevista de Mário Fortuna ao Correio dos Açores)

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