Valeu ao CDS Adelino Amaro da Costa, tragicamente falecido com Sá Carneiro no atentado de Camarate, o qual, na altura, deu uma Doutrina ao Partido, hoje totalmente subvertida pelo delirante ultraliberalismo à Portas. Falecido Adelino, de quem fui colega na turma C do primeiro ano, no Liceu Jaime Moniz 1953-54 – ele era o n.º 1 (Adelino) e eu o n.º 2 (Alberto) – Freitas do Amaral que fizera a AD com Sá Carneiro e os Monárquicos, depois rebentou a AD com Balsemão, ficou de fora do “bloco central”, foi candidato presidencial da AD, afastou-se de Cavaco Silva, deixou o CDS quando este com Portas & Companhia se meteu em derivas anti-europeístas, aproximou-se de Mário Soares, foi ministro socialista, deixou o Governo. Entretanto, Portas & Companhia, depois de aquele ter sido membro da Juventude Social Democrata (JSD) – tal como Sócrates... é a sina!... – fundou um semanário, mais um que faliu, só para atacar e demolir a estabilidade e o crescimento que dez anos de Governo Cavaco Silva trouxeram ao País.
Aliás, depois do 25 de Abril, foi nesses dez anos de “cavaquismo” que se verificou o único crescimento real da Economia portuguesa, ainda que não tanto como no “marcelismo” anterior, então em economia de guerra. Na Madeira, enquanto pairava a ameaça do estabelecimento definitivo de um regime comunista em Portugal, com consequências letais para os que dávamos a cara no combate anti-comunista pela Democracia, o CDS nunca abriu sede, ficando as despesas do combate para o PSD e, na clandestinidade, para os núcleos da Flama.
O CDS aparece a se candidatar às eleições para a Assembleia Constituinte, tendo então ensaiado os seus primeiros actos públicos, onde foi miseravelmente agredido e boicotado por energúmenos e boçais activistas da pseudo-“esquerda”, nomeadamente do partido socialista e da denominada “fec”, depois UDP, agora “bloco de esquerda” defunto na Região. Com a intervenção dos Militares democratas, em 25 de Novembro de 1975, ficou aberto o caminho para a Democracia. No Comité Central do PCP, Cunhal reconhecia que haviam perdido a cartada de estabelecer um regime comunista em Portugal, que a ter acontecido poderia ter travado a queda do império soviético no final do século XX. Mas foi nessa ocasião que Cunhal determinou que, embora perdido o regime, os comunistas não podiam perder os lugares que tinham conquistado no aparelho de Estado, nomeadamente na Administração Pública, nas empresas públicas, na Justiça e na Educação.
A primeira vitória comunista post-25 de Novembro foi a aprovação do ainda presente regime constitucional, em que o CDS teve o bom senso de não o votar, e o PSD a falta de senso de fazê-lo, apesar da discordância de Sá Carneiro, então doente, o que originou os problemas internos que se seguiram no interior deste Partido.
Estabelecido o presente sistema político-constitucional que trouxe Portugal à situação em que hoje se encontra – apesar dos alertas de Francisco Sá Carneiro e, com Este, do PSD/Madeira – seguiram-se as eleições para a primeira Assembleia da República e, depois, para as primeiras Assembleias Legislativas da Madeira e dos Açores.
Nestas, já se nota que, para o CDS na Madeira, o “inimigo principal” passou a ser o PPD/PSD, embora para Este o “inimigo principal” continuasse a ser a pseudo-“esquerda”. O CDS passou a aglutinar da extrema-direita local à direita mais conservadora, assente em dois pressupostos. Um, o de que o PSD já tinha feito o trabalho de risco que Lhe competia – suster a pseudo-“esquerda” e conquistar a Autonomia Política – pelo que o poder deveria ser devolvido às pseudo-elites da “Madeira Velha” em que o CDS se arvorava. O segundo pressuposto, também até hoje errado, era o de que se a população madeirense não votasse PSD, votaria à “direita” e não à “esquerda”.
As bases sociais deste CDS consistiam nos sectores menos alfabetizados, nos caciques locais feitores dos ingleses, dos grandes senhorios e da “união nacional”, e numa burguesia urbana menos inteligente, mais snobe, de educação reacionária e, dizendo-se “cristã”, farisaicamente prioritando a religião do dinheiro. Aliás, parte desta burguesia faliu, por inadaptação aos tempos novos. Depois, a partir de os sociais-democratas terem extinguido a colonia, a ruptura com o CDS ficou definitivamente, nunca tendo existido “aliança democrática” na Madeira, até aos dias de hoje, mesmo com essas coligações em Lisboa. A hostilidade entre os dois Partidos, regionalmente, foi crescendo à medida que o PSD mudava completamente a Madeira e o Porto Santo. E não só por causa das mudanças físicas, materiais, mas mais pelo nascimento de uma nova sociedade com novos costumes, com consciência dos seus Direitos e sem perder Valores.
Tal hostilidade permanece, mesmo quando há uma divisão nesta extrema-direita, por razões reacionárias dos foros familiares e sociais, em que alguns “meninos bem”, exibicionistas e parvos, saem do CDS para formar um outro partido extremista pró-“Madeira Velha”.
Entretanto, ao longo dos anos, partindo da tal burguesia urbana conservadora e de outro fenómeno social interessante que são os burgueses da “esquerda caviar”, travestida de “socialista” e associada àqueles ingleses que nunca aceitaram as mudanças na sociedade madeirense – como se não os topássemos!... – foram ensaiadas duas coligações CDS-socialistas (vejam a coerência deles todos!...), mas em eleições autárquicas, por motivos óbvios. Claro que se saldaram sempre em desastre, pois os Valores do Povo Madeirense não pactuam com aldrabices, incoerências e jogos sujos. E o CDS fez estas “coligações” tão desastradamente que, sendo o maior partido da Oposição nos três Concelhos do norte da Madeira, e ainda na Calheta, cedeu as suas posições em todos esses Municípios nortenhos à esquerdalhada socialista! Assim, na Região Autónoma, nestes trinta e seis anos de Autonomia Política, pelas evidentes razões de todos conhecidas, o CDS fez sempre do Partido Social Democrata o “inimigo principal”. Até chegou a fazer “conferências de imprensa” conjuntas com os comunistas! Vendeu tudo o que tinha para vender, a começar pelos Princípios, só pela obstinação anti-sociais-democratas.
Bom exemplo de hipocrisia e de farisaísmo, até ajudou à tentativa de fechar o “Jornal da Madeira”, mãos dadas com os interesses Blandys.
Para desgosto do CDS local, uma coligação PSD-CDS derrotou-lhes os amiguinhos socialistas e formou Governo em Lisboa. A grande preocupação dessa gente foi que o acordo de coligação não se estendesse às Regiões Autónomas!...
Mas, também sendo evidente não existir coincidência de pontos de vista entre o PSD/Madeira e o Governo central PSD-CDS, em Lisboa surgiu o desejo legítimo de transplantar essa coligação para o nosso Arquipélago, bem como as respectivas políticas. Daí todo o triste folclorismo nas eleições regionais, a partir de Lisboa, em que o objectivo claro era afastar quem nunca quis, nem quer, “alianças” com o CDS, nem professa o liberalismo económico, nem o pós-modernismo nos costumes, quem tem a independência de não pertencer a “sociedades secretas”, nem se enfeudar a lóbis económicos ou a corporativismos. Foi-se ao ponto de a visível e permanente arrogância do CDS local – tão ao gosto da burguesia!... – pretender uma coligação com o PSD mas, apesar de partido mais pequeno, impondo condições e até nos pretendendo designar o líder!
A verdade é que a pouca-vergonha emitida de Lisboa para as eleições regionais, com os intuitos que denunciámos, foi de uma intensidade tal que assustou muita burguesia – daí os resultados do CDS – embora o Povo se mantivesse consciente e solidário com o Partido Social Democrata. Derrotados os intentos de Lisboa e do CDS local nas eleições, no entanto assiste-se a uma mudança de estratégia no principal adversário de sempre dos sociais-democratas madeirenses, o grupo Blandy, motor de força dos saudosistas do “ancien régime”.
Durante trinta e muitos anos, os Blandys desenvolveram uma aliança com a pseudo-“esquerda” madeirense, desde a burguesia da “esquerda caviar” local, aos comunistas. O “diário de notícias” e a sua rádio foram mesmo entregues a militantes políticos comunistas e socialistas, tudo no intuito de derrubar o PSD. Depois, arrumariam a casa... e os fulanos.
Só que os Blandys, os seus feitores e os seus associados burgueses da “esquerda caviar” agora chegaram à conclusão, depois de tanto tempo, que não há hipóteses para este partido socialista onde, por a burguesia pseudo-socialista ser incompatível com basismos rafeiros, não é possível uma unidade interclassista. O PS transformou-se num clube de Pereirinhas, Maximianos e quejandos, mais a mais arrastando nos próximos anos o odioso do que Sócrates fez à Madeira.
Pelo que se assiste a uma viragem de novena graus no grupo Blandy, que passa a considerar e a instrumentalizar o CDS como meio principal para os seus “ódios eternos” aos autonomistas sociais-democratas.
E de nada servirá a militância política esquerdóide dos funcionários do “d.n.” e sua rádio, pois, ou agora apoiam o CDS, ou então rua!...
Claro que o CDS agradece, Portas e Rodrigues banqueteiam-se e viajam com o panfleto, Blandy fica ideologicamente mais confortado e ao partido socialista resta-lhe ficar à esmola dos sobejos.
E não é por acaso que esta rotação de noventa graus tem a “oportunidade” de jogar – e de se articular ao longo do dia – com a situação na RTP/RDP locais, estas nas mãos da maçonaria a partir de Lisboa e utilizadas como consentidas armas de arremesso contra o PSD/Madeira, o qual não coincide com a coligação de Lisboa, nem com a respectiva orientação.
É neste quadro que ao seu bom estilo hipócrita e farisaico, o CDS, apesar de Governo em Lisboa, finge nada ter a ver com as medidas que foram impostas à Madeira!
É neste quadro que os autonomistas sociais-democratas têm de agir com determinação e força.
O nosso caminho de sucesso foi o de saber o que queremos e o que fazemos. Não nos deixarmos atrair à “esquerda” ou à “direita”. Tendo a determinação de afirmarmos o nosso projecto, de consolidarmos a nossa identidade e de abrir espaço através de políticas que simultaneamente são diferentes e mesmo opostas à “direita” e à “esquerda”.
É por aqui o percurso. Como sempre, feito de consequentes adaptações às conjunturas. Com responsabilidade e sem temores, em qualquer circunstância. Em luta e não virando a cara à luta!”. (artigo de Alberto João Jardim publicado no Madeira Livre, publicação editada pelo PSD da Madeira)
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