quarta-feira, março 28, 2012

Alberto João Jardim: “Portugal, uma «democracia» de opereta”

"Sendo a Democracia o regime das Liberdades, obviamente que se caracteriza também pela Informação livre.
O regime democrático assenta, portanto, no exercício das liberdades cívicas por todos e cada um dos Cidadãos que integram o Povo soberano.
Como tal exercício das liberdades cívicas inclui o Direito de decidir, de optar, é fundamental que a Opinião Pública esteja o mais objectiva e completamente possível informada, para permitir cada um se pronunciar em consciência.
Por isso, um regime democrático sério adopta legislação que garanta tal objectividade e amplitude na formação da Opinião Pública, não se contentando com apenas o regime não ser totalitário e ter consagrado formalmente as Liberdades teóricas, mas não praticadas efectiva e rigorosamente.
Os grandes poderes que procuram dominar as sociedades, sejam de que natureza for, tentam se apoderar dos regimes democráticos, controlando o seu funcionamento em termos de poderem moldar a Opinião Pública, não conforme o Bem Comum, mas à medida dos “interesses” de tal gente.
Moldada a Opinião Pública ao sabor dos respectivos “interesses”, essa gente sabe que veicular informação deturpada acabará por fazer vir em seu favor as decisões que o Povo, enganado, entretanto vá tomando.
Por isso, nas democracias dos tempos de hoje, os grandes “interesses”, sobretudo económicos, procuram controlar a comunicação “social”, desta sendo proprietários, utilizando-a para propaganda do que lhes apraz, não hesitando ante a censura, a mentira, a deturpação, a omissão, a calúnia, etc., o que se vê.
Poderes, nomeadamente económicos, que podem pagar a quem lhes aprouver, contando que há sempre pessoas mercenárias, sem ética, mais fáceis de usar se intelectualmente menos preparadas, dispostas a defraudar as regras de uma Informação rigorosamente democrática em troca de dinheiro ou até apenas de um posto de trabalho que garanta a subsistência, para já não falar das patologias psíquicas cuja catarse é feita através dos meios de “informação”.
E, por este caminho, os mesmos “interesses” facilmente chegam ao controlo ou domesticação dos sindicatos do sector.
Quando Churchill dizia que a democracia era o MENOS MAU dos regimes políticos até hoje conhecidos, certamente que nesta verdade podemos constatar que nunca foi possível institucionalizar a legislação perfeita que obviasse, em absoluto, o controlo da Opinião Pública por “interesses” contrários ao Bem Comum.
Em Portugal, com um regime político-constitucional que, apesar dos avisos a tempo, colocou o País nesta situação de estar sob administração estrangeira, também quase toda a “informação”, sobretudo a de âmbito nacional, está controlada por grandes “interesses” privados e pela maçonaria. A par, vai a empresa pública RTP/RDP.
A coisa é tão flagrante que nunca qualquer desses órgãos de “informação”, escrita ou audiovisual, se atreveu a contestar ou a deixar pôr em causa o sistema político-constitucional instalado, o sistema em que predominam os “interesses” da tal gente mencionada, apesar da evidência da situação para que Portugal foi arrastado por eles.
O que se passa na comunicação social portuguesa, pela manipulação que desenvolve, é também causa dos problemas em que o Povo português está mergulhado, onde chegou porque a Opinião Pública andou a ser enganada.
O facto de o “Jornal da Madeira” e de algumas rádios privadas na Região Autónoma tentarem rumar contra tão escandaloso estado de coisas em Portugal, vem provocando uma forte mobilização contra estes referidos meios de comunicação social. Hostilidade não apenas proveniente das áreas políticas mais à “direita” e mais à “esquerda”, mas sobretudo por parte de “interesses” económicos que querem controlar o Arquipélago, e por parte da maçonaria, esta com o domínio da RTP/RDP locais. A tudo isto juntam-se aqueles que, no Continente, têm uma visão colonial da Madeira, querem subjugar-nos e, por isso, odeiam os Autonomistas. O objectivo imediato desta “união ranhosa” é fechar o “Jornal da Madeira” e deixar ao grupo Blandy o monopólio da imprensa diária regional. Ao que os respectivos denominados sindicatos não reagem, nomeadamente o dos indivíduos que têm carteira profissional de “jornalista”, apesar de estarem em causa mais de uma centena de postos de trabalho. Nem reagiram quando foi ameaçada a integridade dos trabalhadores, numa fracassada tentativa de “ocupação” pela extrema-direita com o pindérico apoio dos partidecos ditos de “esquerda”.
Hoje, a Opinião Pública da Madeira é diariamente enganada e deformada através do diário e da rádio dos Blandys – é o diário mais desmentido em Portugal e talvez em toda a Europa – juntando-se-lhes a RTP/RDP locais que, a partir das manhãs de cada dia, lê as intrujices da folha Blandy, repetindo-as ao longo do mesmo dia, montando os seus noticiários calendarizados pelo “diário de notícias”, sem quaisquer trabalhos próprios com mérito. Assim justificando todas as medidas, mesmo as que ilegítimas à primeira vista, para pôr termo a tão indecente despesa dos contribuintes.
A todo este assalto capitalista, maçónico e político ao Direito do Povo Madeirense a uma Informação livre, objectiva e pluralista, juntam-se umas folhas que se autointitulam “semanários”, controlados pelos mesmos “interesses” sinistros.
Bem como uns programas de aparentes “debates”, alguns parecendo até que nem de “política” se trata, com gente que se dizendo jornalistas abdica do seu dever de objectividade para impor opiniões pessoais e facciosas, tudo servindo os miseráveis “interesses” que, na Madeira, pretendem pôr termo ao pluralismo na comunicação social.
E que, pondo termo ao pluralismo, querem impor e controlar um situacionismo de “pensamento único”, semelhante ao que vigora na parcela litoral oeste da Península Ibérica, chamada megalomanamente de “continente”.
A compor este ramalhete, temos as campanhas que, também a partir da Madeira, são feitas para o tal “continente”, a fim de aí colocar a respectiva Opinião Pública contra a nossa Região Autónoma. Por este meio desmotivando a solidariedade dos Governos da República, sobretudo quando estes são medricas ante a comunicação “social” e a Opinião Pública enganada por aquela.
Alguns dos principais jornais lisboetas de âmbito nacional têm pleno conhecimento do caráter da gente sua empregada, que manda para lá as coisas mais abomináveis sobre o Povo Madeirense, mas que, aos “interesses” proprietários desses meios, convém que se descredibilize a Madeira porque esta “vem pondo a careca do regime à mostra”. Leia-se, os “interesses” dessa gente no regime.
E, pelas razões já apontadas, nem o “serviço público” que a RTP/RDP têm de constituir, se digna a colocar a realidade madeirense no Continente, ou por preguiça, ou por incompetência, ou pelo facciosismo político que descaradamente essa gente assumiu, ou porque lá, em Lisboa, tudo o que de positivo vá da Madeira é censurado ou deturpado.
É espantoso que tudo isto se passe no seio da República Portuguesa. É espantoso que tudo isto continue, com impunidade dos agentes desta pouca-vergonha.
É espantoso que não haja leis decentes que reponham a Democracia e consigam uma correcta formação da Opinião Pública.
Só tem uma explicação.
Este Portugal sob administração estrangeira continua uma “democracia” de opereta
" (texto publicado na edição de Abril do Madeira Livre, órgão editado pelo PSD da Madeira)

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