terça-feira, agosto 30, 2011

Desempregados ficam 14,8 meses nos centros de emprego

Escreve a jornalista do Publico, Cristina Oliveira da Silva que “ainda que o número total de desempregados registados no Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) tenha diminuído, o tempo de permanência nos centros de emprego continua a aumentar. A culpa é do crescimento do desemprego de longa duração, o que prova que é cada vez mais difícil arranjar novo posto de trabalho quando já se perdeu emprego há mais de um ano. No primeiro semestre do ano, o tempo médio de inscrição nos centros de emprego aumentou para 14,8 meses, o valor mais alto desde 2007, avança um relatório do IEFP. Isto já depois de a primeira metade de 2010 ter igualmente registado uma subida, para 13,7 meses. E a média dos anos completos também tem seguido o mesmo caminho. O presidente do IEFP recorda que este valor tem de ser cruzado com o volume total de desemprego registado, que até desceu 7% na primeira metade do ano. É que, ainda assim, houve uma subida de 2% no número de desempregados de longa duração e, neste grupo, registou-se um crescimento de 19,3% no desemprego há mais de dois anos. Ao invés, caiu em 12,9% o número de pessoas que procuram trabalho há menos de um ano. O que significa duas coisas, continua Francisco Madelino: "que a economia em 2010, pela sua recuperação do crescimento, fez entrar, em termos homólogos, menos pessoas no desemprego" mas, no entanto, "este crescimento foi insuficiente e não se mostrou capaz para empregar pessoas com idades mais avançadas e com menos qualificações". Por isso, "o tempo de permanência acrescido destes grupos com maior rigidez em termos de empregabilidade aumentou, e fez aumentar, inclusive, a média, que passou de 13,7 meses para 14,8 meses", explica o presidente do_Instituto. "Em conclusão, isto leva a uma grande preocupação com estes grupos, que cresce ainda mais quanto maior a modernização da economia, pela sua inadaptabilidade aos tempos futuros", diz. Contas feitas, na primeira metade do ano, os centros de emprego acolhiam 215.479 desempregados de longa duração, e destes, pouco mais de metade (107.899) já estavam inscritos há mais de dois anos. O fim de inscrição no IEFP não quer necessariamente dizer que os desempregados tenham arranjado emprego. Em causa podem estar outras situações, nomeadamente a anulação de registo por vontade do desempregado ou por este não ter cumprido os deveres inerentes, como é o caso das regras de aceitação de emprego ou outras.
Desempregados inscritos em Julho voltam a aumentar
Os últimos dados sobre os inscritos nos centros de emprego revelam que, só no mês de Julho, o IEFP recebeu a inscrição de 55.035 desempregados, mais 3.206 do que há um ano. Este aumento homólogo - de 6,2% - verifica-se pelo terceiro mês consecutivo, depois de 17 meses de quebras sucessivas. Olhando já para o total de desempregados - o conjunto acumulado de inscritos no final do mês -, é possível verificar que os centros de emprego acolhiam 524.118 pessoas sem trabalho. Este valor é inferior em 4,4% ao registado há um ano atrás mas sente-se agora uma desaceleração da quebra.
Desempregados estão mais disponíveis a aceitar emprego
A situação política, social e económica que se vive em Portugal desde o início do ano contribuiu para uma maior disponibilidade dos desempregados para aceitar as propostas de trabalho que os centros de emprego têm para oferecer. A convicção é do presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional. "Em 2011 o ano entrou com um ambiente mais adverso ao crescimento, associado à inserção do país nas crises da dívidas soberanas e à reacção das expectativas dos agentes económicos ao ambiente político-social", explica Francisco Madelino. Contas feitas, as ofertas recolhidas pelo IEFP baixaram 18,1% mas as ofertas por satisfazer caíram 38,2%. Como se explica a diferença? "Pela maior pressão dos centros de emprego no ajustamento", por um lado, "mas também por uma alteração dos comportamentos dos desempregados à disponibilidade para um emprego, devido a uma maior consciência dos contornos da crise nacional e internacional", continua o presidente do IEFP. Em 2010, o IEFP tinha atingido "o volume de ofertas recolhidas maior na década (125.851)", mais 5% face a 2009, ano que sentiu os efeitos da crise financeira de finais de 2008, continua o presidente do IEFP. E nesse ano, "as colocações aumentaram 9%, tendo atingido o valor mais alto da primeira década do século XXI. E em ambiente adverso", continua o especialista. Madelino explica que "isto resultou de uma maior proactividade dos centros de emprego". Ainda assim, admite que "o nível de penetração" destas entidades "no ajustamento da oferta e da procura no mercado de trabalho, ainda seja não satisfatório, havendo que afinar metodologias e métodos de intervenção".

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