sábado, agosto 06, 2011

Açores: proposto alargamento de prazo para pagamento a fornecedores do Serviço Regional de Saúde

Li no Correio dos Açores que "Mário Fortuna diz que a proposta do Governo não é inviável mas vão ter que sentar à mesa para discutir o assunto, só que nesta reunião vai estar o problema: se o governo não tem comto se financiar como o terão as empresas e quem acarretará com os custos adicionais deste prolongamento de prazo... O secretário regional da Saúde, Miguel Correia, admitiu ontem a existência de um “problema de financiamento” ao nível do pagamento a fornecedores do Serviço Regional de Saúde dos Açores, que originou uma proposta de alargamento do prazo de pagamento. “O problema de financiamento que existe é dentro do sistema de pagamento a fornecedores, um sistema que resulta de um acordo com a banca”, afirmou Miguel Correia em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, e citado pela agência Lusa. O secretário regional da Saúde salientou que “a falta de capacidade para concessão de crédito pelos bancos criou um factor novo que levou (o executivo regional) a propor um alargamento do prazo para além do que estava contratado e que era único a nível nacional”. O que estava contratado era o pagamento a 60 dias, mas o Governo açoriano avançou com uma proposta para alargar esse prazo para 120 dias, tendo Miguel Correia frisado que o novo prazo “ainda é inferior ao que vigora no Continente”. Miguel Correia afirmou ainda não ter conhecimento oficial da posição das Câmaras de Comércio de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo sobre o novo prazo proposto, mas frisou estar “aberto a negociações”. Contudo, ao que o Correio dos Açores apurou a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada ainda não recebeu qualquer proposta e a Câmara de Angra e dos Açores disse-nos que ainda o tema está a ser discutido internamente, daí que qualquer posição que tenha sido veiculada em seu nome não corresponde à verdade. Entretanto, Mário Fortuna, Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada disse ao nosso jornal que com a restrição de liquidez actual as empresas açorianas ligadas a este sector - e a outros - não têm capacidade para conceder mais 60 dias de crédito, porque para além disso este é um negócio de margens baixas e, por isso, não pode abarcar com mais este custo. O economista também refere que com o custo das taxas de juro a crescer para as empresas o que se pode antever é que o que era suportável anteriormente não o vai ser, porque antes havia uma margem que permitia o encaixe de suporte financeiro, mas agora se houver recurso a crédito para suportar este diferencial as empresas acabam por perder dinheiro. Embora o prazo pedido pelo governo açoriano seja um prazo menor do que aquele que vigora no continente e na Região Autónoma da Madeira para Mário Fortuna são situações de incumprimento que não se deve repetir nos Açores. Certo é que o governo açoriano não tem capacidade de aumentar o crédito na banca e ao pedir o prolongamento aos fornecedores está “a criar uma situação crónica porque também as empresas não têm liquidez suficiente para aguentar a dilatação dos prazos” e se eventualmente puderem pedir empréstimo à banca vão ter que pagar juros para ajudar o governo. E é nesta perspectiva que Mário Fortuna diz que as negociações estão em aberto porque é preciso saber quem vai pagar a diferença dos juros. “As empresas estão na mesma situação do Governo. Do reflexo que nos tem chegado – e isso não é um exclusivo das farmácias – as pessoas têm uma impossibilidade enorme de arranjar crédito porque simplesmente os bancos não têm dinheiro para emprestar porque também não têm como se financiar”. Mário Fortuna diz que a proposta do Governo não é inviável porque vão ter que sentar à mesa para discutir o assunto, só que nesta reunião vai estar o problema: se o governo não tem como se financiar como o terão as empresas e quem acarretará com os custos adicionais deste prolongamento de prazo, isto é quem paga, entre outros custos, os spreads que estão altíssimos e a imobilização financeira. Porque a restrição de liquidez existe dos dois lados, mas assim sendo acabam por ser os empresários a financiar o governo, contrariando a directiva comunitária que estipula que as entidades públicas paguem a trinta dias, e só em casos excepcionais é que há dilatação de prazos. Mas aqui o que se passa é que o Executivo açoriano pede uma excepção, ganha alguma folga nos prazos de pagamentos, mas pode estar a levar as empresas a endividarem-se mais, partindo do principio que podem aceder ao crédito, caso contrário podem estar mesmo a comprometer o futuro de empresas. “Este adiamento de prazo não fará com que o problema desapareça, porque se estamos a gastar para além do que podemos suportar o problema vai manter-se. Não há aqui nenhuma solução milagrosa”, remata o Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada".

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