Segundo o DN de Lisboa, num texto do jornalista Pedro Sousa Tavares, "nem todas as escolas privadas com ensino gratuito pertencem a instituições sem fins lucrativos. A holding GPS [sigla de Gestão de Participações Sociais], gerida pelo antigo deputado socialista António Calvete, é proprietária de treze dos 93 colégios com contrato de associação com o Estado - além de empresas de comércio e serviços - pelos quais recebeu, em 2010, 33 milhões de euros. Números que equivalem a 14% do total das escolas apoiadas e dos 239 milhões de euros pagos o ano passado por estes contratos, abrangendo perto de dez mil dos 53 mil alunos que estudam gratuitamente ao abrigo destas parcerias. Quatro destas escolas - Santo André e Miramar (Mafra), São Mamede (Batalha) e Frei Cristóvão - são recentes, encontrando-se apenas no 5.º ano de funcionamento. Um facto que, segundo António Calvete, não faz desta empresa uma concorrente da oferta pública existente: "Se não existisse [necessidade], não seriam feitas", assegurou, acrescentando que estes projectos educativos avançaram "em consonância com o Governo" e para fazer face a reais "carências" na rede do Estado. "Mafra ainda hoje está em rotura [de oferta]", defendeu ao DN o presidente do conselho de administração de uma holding, na qual se incluem desde seguradoras a supermercados (ver caixa). "A escola de Santo André é das mais necessárias. No ano passado, o Estado pediu-nos por tudo para receber alunos do 5.º ano." Com os cortes deste ano - valor por turma desceu em Janeiro, dos 114 mil euros anuais para 90 mil, e será de 80 mil em Setembro -, o grupo vai perder cerca de cinco milhões de euros em apoios: "estimamos receber cerca de 28 milhões de euros em 2011", disse Calvete. Entretanto, a empresa não perdeu tempo e, ainda em 2010, começou a negociar saídas e alterações contratuais com dezenas de professores, motivando muitas críticas dos sindicatos. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) acusou a GPS de "ameaças" e de "ilegalidades várias" cometidas em relação aos seus professores, envolvendo desde despedimentos a alterações de horário e transferências de estabelecimento, e anunciou mesmo ter avançado com uma queixa junto da Autoridade para as Condições de Trabalho. Calvete não negou "ter-se sentido a necessidade de uma reestruturação" para fazer face à redução de apoios, mas negou quaisquer ilegalidades: "Já tivemos três ou quatro auditorias, e nunca nos foi apontado nada", garantiu. Em relação a saídas, confirmou "dez a 12" rescisões com docentes dos quadros, a que se juntou o termo dos contratos de "cerca de 30 pessoas que se encontravam no período experimental". Números que considerou razoáveis, "num quadro com mais de 800 professores". Quanto a cortes, garantiu, "ao contrário de outras escolas, que propuseram reduções salariais, o que fizemos foi ao nível da perda de horas extraordinárias que os professores faziam". "Temos 800 professores e 750 fizeram acordos", disse, prometendo que em relação aos que contestaram estas medidas "a empresa vai cumprir o que for decidido pelas entidades próprias".
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