quarta-feira, dezembro 15, 2010

Relatório da ERC mostra falta de pluralismo partidário na RTP

Acabo de ler no site do Publico num texto da jornalista Maria Lopes que "embora cumpra genericamente as quotas de representação político-partidária que deve consagrar ao Governo e PS e oposição, a RTP não assegura a presença suficiente do PSD em antena. O caso torna-se mais polémico pelo facto de ser o terceiro ano consecutivo em que isso acontece e também por ser aquele em que o desvio em relação ao valor de referência é o maior.De acordo com o relatório anual sobre Pluralismo político-partidário na RTP em 2009 na informação diária e não-diária da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, os valores relativos à presença, na informação diária da RTP1 e RTP2, do Governo em conjunto com o PS estão próximos dos definidos como referência (50 por cento), embora três pontos percentuais mais altos. A oposição como um todo está ligeiramente sub-representada, roçando os 46 por cento, quando deveria atingir os 48. E a oposição extra-parlamentar praticamente não existe: não chega às nove décimas, quando deveria ser de dois por cento. De realçar que a presença do Governo e do PS tem sobretudo uma conotação negativa, ou seja, são notícias em que aparecem como alvo de crítica, ao passo que o tom usado nas notícias sobre a oposição é positivo. Os valores relativos à presença do PSD são, porém, de quase metade do que deveriam ser: o principal partido da oposição deveria ter chegar a uma quota de 27,67 por cento designada pela ERC, e fica-se pelos 15,2 por cento. Quem fica a ganhar são os restantes partidos da oposição: PCP e PEV (10,75) e CDS (10,55) recebem mais quatro pontos percentuais do que o valor de referência estabelecido, e o Bloco de Esquerda (9,29) aparece também sobrevalorizado em três pontos. Na amostra que analisou, a ERC retirou os períodos de campanha e pré-campanha – e no ano passado foram três, com eleições europeias, legislativas e autárquicas. Foram abrangidas pela amostra 773 peças (209 do Jornal da Tarde, 288 do Telejornal e 276 do Jornal 2).
Madeira é a excepção
Na RTP Madeira, o Governo Regional e o PSD e a oposição estão, no seu conjunto representados equitativamente. Mas na análise por partido, o PS da região está sub-representado – está sete pontos abaixo dos valores de referência, segundo a ERC, “sobrando” esse espaço em antena para a restante oposição, com a única excepção do CDS-PP. Já no caso da RTP Açores, cujo Governo Regional é socialista, o PSD, neste caso através do seu “braço” açoriano, volta a estar sub-representado: em vez dos quase 32 por cento que deveria ocupar, fica-se pelos 12. A oposição no seu todo, em vez dos 48 por cento só tem 35. E o Governo em conjunto com o PS chega aos 65 por cento, quando idealmente deveria ter 50 por cento.
Recomendação à RTP não saiu da gaveta
Perante tais resultados, a ERC ponderou emitir uma recomendação à RTP que chegou até a discutir no Conselho Regulador. Mas acabou por a colocar de lado porque como o ano teve demasiadas eleições e foi necessário excluir três meses interior de toda a amostra – reduzida, por isso, em 25 por cento, os resultados podem ter ficado ligeiramente inquinados. Além disso, como o relatório foi mais demorado que o normal e ficou pronto só em Dezembro, “não faria sentido fazer recomendações quase um ano depois”, explicou o presidente da ERC aos deputados da Comissão de Ética na audição desta manhã. Por seu lado, a RTP justificou à ERC a falta de representatividade do PSD com o facto de o partido ter tido menos iniciativas públicas. Porém, Azeredo Lopes considera que se verifica “uma sistemática violação de uma regra essencial”, que é a representação da oposição consoante os resultados eleitorais – filosofia com que a RTP não concorda. “A oposição não é uma amálgama, é um conjunto de partidos com projectos distintos”, reforça. Como se pode então punir tal violação? “Através da denúncia e da adopção de uma deliberação que exponha tal situação”, vinca Azeredo Lopes. Mas isso já será tarefa para um novo conselho regulador, se a ERC concluir que o cenário se voltou a repetir este ano".

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