Diz o jornalista do Económico, Pedro Latoeiro que "a Fitch diz que poderão ser necessárias mais medidas para baixar o défice até 4,6%. A Fitch baixou em um nível o ‘rating' de Portugal, de AA- para A+. O ‘outlook' é negativo, um aviso de que poderão haver cortes adicionais. "O ‘downgrade' reflecte uma redução ainda mais lenta que o previsto do défice da balança de pagamentos e um ambiente de financiamento muito mais difícil para o governo português, bem como uma deterioração do ‘outlook' de curto prazo para a economia", explica o analista da Fitch Douglas Renwick, lembrando que a dívida externa (líquida) portuguesa equivale a 90% do PIB, sendo a terceira mais elevada na zona euro. No mesmo documento, a agência nota que o Governo deve conseguir atingir o objectivo de 7,3% de défice para este ano, mas avisa que a meta de 2011, de 4,6% do PIB, "será extremamente mais desafiante, especialmente se, tal como a Fitch espera, a economia entrar em recessão". Douglas Renwick admite mesmo que essa recessão poderá ser mais aguda que a contracção de 1% estimada pela Fitch. A agência de notação financeira, uma das mais poderosas do mundo, diz que as medidas de consolidação orçamental de José Sócrates e Teixeira dos Santos "demonstram um forte compromisso político" em atingir os objectivos fixados. Ainda assim deixa o alerta de que poderão ser necessárias medidas adicionais para emagrecer o défice até 4,6% no próximo ano. O falhanço dessa meta "penalizaria a confiança em torno da sustentabilidade das contas públicas no médio prazo" e poria também em causa os actuais ‘ratings' de Portugal, afectando o custo a que o País consegue financiamento nos mercados internacionais. Sobre a relação de Portugal com esses mercados, a Fitch nota que "o Governo tem demonstrado que consegue obter financiamento, ainda que a custos elevados, durante crises" e que o Tesouro "tem uma estratégia sólida e coerente" para responder às necessidades de financiamento do País. Nesse sentido, o actual ‘rating' de A+ pressupõe que Lisboa não precisará da ajuda de Bruxelas nem do Fundo Monetário Internacional (FMI). Aliás, no entendimento da Fitch, "mesmo que os custos de financiamento se mantenham nos níveis actuais durante grande parte de 2011, isso não geraria, por si só, desequilíbrios insustentáveis na dívida". A Fitch deixa ainda algumas notas para a situação da banca portuguesa. Os riscos no sistema financeiro português, diz, "continuam modestos" até porque o recurso a financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a cair, embora a dependência ainda seja considerável. Foi tudo isto que levou a Fitch, um dia antes da véspera de Natal, cortar o ‘rating' português em um nível, de AA- para A+. Também esta semana, a Moody's sinalizou que se prepara para fazer o mesmo, ao colocar a sua notação de A1 para a República Portuguesa em revisão para eventual 'downgrade".
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