Eles disputam a 2ª volta na liderança dos Médicos
Segundo a jornalista do Expresso, Vera Lúcia Arreigoso, “Isabel Caixeiro e José Manuel Silva vão disputar a segunda volta para a Ordem dos Médicos. Votação será a 19 de Janeiro. Está renhida a luta para eleger o mais alto representante institucional dos médicos. Dos quatro candidatos a bastonário — sem o atual responsável, Pedro Nunes — submetidos a votos na quarta-feira, passaram à segunda volta Isabel Caixeiro e José Manuel Silva, mas separados por uma margem de apenas 1,05%. O sufrágio decisivo será a 19 de janeiro e seja qual for o vencedor, não são esperados três anos fáceis para os governantes da saúde. Os candidatos avisam que a Ordem dos Médicos (OM) será muito interventiva. Apesar das diferenças que os separam, os dois médicos contestam algumas das reformas a iniciar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) já em 2011. São disso exemplo, a receita eletrónica, a prescrição obrigatória de medicamentos pelo princípio ativo e a reforma do INEM — que formará técnicos para medicar, entubar e reanimar doentes, entre outros procedimentos clínicos. “A informatização da prescrição é o futuro, mas não é aplicável como o Ministério da Saúde (MS) pretende porque não foram consideradas todas as variáveis do sistema”, diz José Manuel Silva, atual presidente do Conselho Regional do Centro da OM. “Há médicos que ainda hoje não usam um computador; é preciso um período transitório”. A exigência de uma fase de adaptação é feita igualmente pela presidente do Conselho Regional do Sul, Isabel Caixeiro. “A via eletrónica é positiva porque aumenta a fiabilidade, mas é preciso pensar numa solução para os pequenos consultórios e médicos reformados”. Na sua opinião, “o MS deve dar acesso ao sistema a todos os médicos” e não apenas aos profissionais em funções em unidades do SNS. Sobre as receitas médicas sem menção a marcas, os candidatos também partilham opiniões. “A prescrição por princípio ativo fora dos hospitais não é viável porque a troca de marcas na farmácia é inevitável”, garante o internista de Coimbra. “É preciso garantir que a farmácia não dispensa o que lhe dá mais jeito vender”, explica Isabel Caixeiro. E dá exemplos: “Temos muitos doentes a tomarem várias vezes a mesma molécula porque a receita do médico foi mal substituída na farmácia”. Os dois candidatos criticam ainda o ‘autismo’ do MS face às competências técnicas da OM e a reforma do INEM é um dos ‘braços de ferro’ que se anunciam durante o próximo ano. “Deve existir mais formação, mas é inconcebível que técnicos pratiquem atos médicos”, afirma a clínica geral. Por isso, promete definir o que é o ato médico. Já o seu concorrente aposta em “pugnar por um socorro organizado e com formação mas nunca com a amplitude que o MS lhe quer dar”. A ministra Ana Jorge pode também, desde já, preparar-se para uma forte oposição do futuro bastonário da OM à proposta, revelada esta semana, para obrigar os clínicos em formação no SNS a permanecerem ao serviço do Estado ou a pagarem uma indemnização em caso de saída antecipada. Os dois candidatos são contra. “As medidas obrigatórias nunca têm resultados tão positivos como quando se recorre à motivação. A medida deve ser bem pensada porque pode levar a uma fuga ainda maior de médicos para se formarem no estrangeiro”, alerta a médica. José Manuel Silva salienta: “Os médicos em formação não são parasitas do Estado porque trabalham nos serviços”. E deixa um aviso: “Se forem criadas as condições necessárias, haverá médicos suficientes no SNS”. Com 40,60% dos votos, José Manuel Silva garante que a sua eleição para bastonário acabará com a “lei da rolha” na OM. “Não vou limitar-me à figura de comentador político inconsequente como o atual bastonário, Pedro Nunes”. Isabel Caixeiro — escolhida por 39,55% dos 9185 votantes — , será mais discreta: “Estamos cansados de guerra e quero uma OM pacificada”. O vencedor estará no lugar até 2013"
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