



"Alberto João vai aproveitar as férias no Porto Santo para, seguindo o exemplo de Cavaco Silva, pensar se avança de novo para o Governo. E vai ficar mais um mandato? "Mais ao menos", respondeu recentemente no Chão da Lagoa, deixando, mais uma vez, tudo em aberto. Na festa anunciou a realização do congresso regional do PSD, onde "tudo há-de ficar decidido", para Abril do próximo ano, antecedido de eleições para os órgãos do partido até 28 de Fevereiro. No tradicional périplo pelas 55 barracas de comes-e-bebes, Jardim foi incentivado pela Jota "laranja" a ser o sucessor de si próprio. "Nós só queremos Alberto presidente, Alberto presidente!...", entoaram os jovens, temendo o drama da sucessão. Numa das tascas, ripostou, em brincadeira, com um "Alberto prà rua já", sublinhando-o com o gesto moldado em barro por Bordalo Pinheiro. Mais tarde, já no palco, ouviu o seu braço-direito no PSD, Jaime Ramos, exortar, pela enésima vez, o eleitorado madeirense a pedir a recandidatura de Jardim, até porque "as coisas mudaram", com a crise, com a revisão constitucional e com as eleições legislativas regionais de Outubro de 2011 no horizonte.
"Estou num drama: saio ou não saio. Se for candidato, o próximo congresso é tempo suficiente para anunciar. Se não for, também é a altura ideal para que a guerra não se volte para cima do novo candidato", afirmou Jardim em 2002, mantendo, tal como agora, o tabu. "Este é um período de reflexão. É altura de pensar a sério na minha vida." Com uma carreira política nacional definitivamente fora do seu horizonte, depois de goradas as suas expectativas de ser líder nacional do PSD ou de se candidatar a Belém, Jardim reconhece que ficou refém da ilha de que é prisioneiro. E que teme os "abalos sísmicos" que a sua saída provocará num partido e governo fortemente hierarquizados onde ninguém se atreve a questionar o líder que detém o actual recorde mundial de permanência no poder (32 anos), apenas superado por Muammar Kadhafi, da Líbia (40 anos), embora o coronel nunca se tenha submetido ao veredicto das urnas. Jardim mantém entretanto em aberto os possíveis cenários sobre a recandidatura à presidência do governo regional da Madeira.
1.º cenário - Não se recandidata em 2011
Se Jardim cumprir o que prometeu, não se recandidata em 2011. Notoriamente cansado, não só fisicamente, mas, sobretudo, a nível do discurso político que se revela esgotado, o presidente do governo madeirense tinha admitido, no impacto do temporal de 20 de Fevereiro, ficar para "reconstruir isto tudo". Passados apenas dois meses alegou que as obras iriam demorar cerca de dois anos e, como tinha apenas mais um ano e meio de mandato, teria de ser outro presidente a acabar a empreitada, pois não tencionava recandidatar-se. Nessa perspectiva, fez avançar o seu vice João Cunha e Silva, primeiro para a comissão mista que avaliou os prejuízos das enxurradas, e depois para a coordenação dos trabalhos de reconstrução. Apesar de, desde 1984 e de legislatura em legislatura, vir adiando o "irrevogavelmente último" mandato, Jardim desta vez poderá surpreender ao concretizar a promessa. Se sair, deixa uma pesada dívida como herança ao seu sucessor, que terá de enfrentar também os desafios de uma inadiável divisão administrativa da região, de uma reorganização da rede de saúde e de drásticos cortes na monstruosa máquina administrativa e na subsidiodependência que incrementou e sustentou o tentacular regime.
"Estou num drama: saio ou não saio. Se for candidato, o próximo congresso é tempo suficiente para anunciar. Se não for, também é a altura ideal para que a guerra não se volte para cima do novo candidato", afirmou Jardim em 2002, mantendo, tal como agora, o tabu. "Este é um período de reflexão. É altura de pensar a sério na minha vida." Com uma carreira política nacional definitivamente fora do seu horizonte, depois de goradas as suas expectativas de ser líder nacional do PSD ou de se candidatar a Belém, Jardim reconhece que ficou refém da ilha de que é prisioneiro. E que teme os "abalos sísmicos" que a sua saída provocará num partido e governo fortemente hierarquizados onde ninguém se atreve a questionar o líder que detém o actual recorde mundial de permanência no poder (32 anos), apenas superado por Muammar Kadhafi, da Líbia (40 anos), embora o coronel nunca se tenha submetido ao veredicto das urnas. Jardim mantém entretanto em aberto os possíveis cenários sobre a recandidatura à presidência do governo regional da Madeira.
1.º cenário - Não se recandidata em 2011
Se Jardim cumprir o que prometeu, não se recandidata em 2011. Notoriamente cansado, não só fisicamente, mas, sobretudo, a nível do discurso político que se revela esgotado, o presidente do governo madeirense tinha admitido, no impacto do temporal de 20 de Fevereiro, ficar para "reconstruir isto tudo". Passados apenas dois meses alegou que as obras iriam demorar cerca de dois anos e, como tinha apenas mais um ano e meio de mandato, teria de ser outro presidente a acabar a empreitada, pois não tencionava recandidatar-se. Nessa perspectiva, fez avançar o seu vice João Cunha e Silva, primeiro para a comissão mista que avaliou os prejuízos das enxurradas, e depois para a coordenação dos trabalhos de reconstrução. Apesar de, desde 1984 e de legislatura em legislatura, vir adiando o "irrevogavelmente último" mandato, Jardim desta vez poderá surpreender ao concretizar a promessa. Se sair, deixa uma pesada dívida como herança ao seu sucessor, que terá de enfrentar também os desafios de uma inadiável divisão administrativa da região, de uma reorganização da rede de saúde e de drásticos cortes na monstruosa máquina administrativa e na subsidiodependência que incrementou e sustentou o tentacular regime.
2º cenário - Cumpre mais um mandato
Para não ser acusado de abandonar a Quinta Vigia na pior crise que a região atravessou depois da autonomia, Jardim pode dizer-se obrigado a fazer mais um mandato. "Tenho obrigações com o meu partido, não posso fazer saídas como aquelas que foram feitas pelo professor Cavaco Silva ou pelo dr. Mota Amaral, que só lançaram a confusão", declarou também há oito anos. Eis o argumento usado para justificar anteriores avanços e recuos: "Por um lado, não posso deixar o PSD-Madeira cair numa situação interna menos boa. Mas, por outro, não posso estar prisioneiro a vida inteira do partido que ajudei a fundar." Neste dilema, Jardim confessa: "É uma angústia e é doloroso estarmos prisioneiros de uma coisa que amamos." E reconhece que "é preciso saber sair": "E não há tempo melhor para isso do que quando temos uma obra feita e quando ganhámos tudo o que havia para ganhar." Mas se, por um lado, considera "penoso não saber sair, estando à espera de ser derrotado", pode, por outro, ser tentado, como há oito anos, a continuar: "Tenho responsabilidades e não posso ignorar as dificuldades que serão colocadas à Madeira nos próximos anos."
3º cenário - Sai em 2013 a meio do mandato
O terceiro cenário, o mais provável, é Jardim disputar as próximas eleições, previstas para Outubro de 2011, e passar o testemunho a meio do mandato. Assim, não terá de preocupar-se com os pesados encargos da dívida por ele criada e que então subirá exponencialmente. Pelos contratos de empréstimos celebrados com o governo madeirense e empresas públicas regionais, as diferentes instituições bancárias cobram anualmente cerca de 200 milhões de euros de juros e outros encargos relativos ao serviço da dívida, ou seja, absorvem cerca de 15 por cento do orçamento regional. No final de 2011, será agravado com o pagamento de 150 milhões da titularização de créditos ocultada e com a amortização dos 256 milhões do programa Pagar a Tempo e Horas (após um período de carência de dois anos), dos mais de 500 milhões das sociedades de desenvolvimento (após sete anos de carência) e dos compromissos com cerca 1500 milhões das concessões rodoviárias. A circunstância de ter de pagar, até 2013, mais de 60 por cento dos empréstimos vai colocar as contas públicas numa situação de colapso, pois a região não tem disponibilidades financeiras para amortizar o capital em dívida. Com a Madeira nesse beco sem saída, 2013 poderá registar o abandono definitivo de Jardim da Quinta" (por Tolentino Nóbrega, Publico)
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