sexta-feira, agosto 27, 2010

Candidatura de Alegre acentua divisões no Bloco de Esquerda

Garante o Publico, num texto da jornalista Maria José Oliveira, que "mantendo a posição defendida na convenção, os membros do movimento Ruptura/FER (ala interna do BE) não desistem de contestar a decisão de apoiar Alegre. Francisco Louçã andou meses a apelar a uma "convergência à esquerda" - começou na VI Convenção do Bloco de Esquerda (BE), em Fevereiro do ano passado, insistiu no período eleitoral, e só terminou quando os bloquistas anunciaram o apoio formal à candidatura presidencial de Manuel Alegre (antecipando-se ao PS) -, mas não conseguiu travar as divergências dentro do partido. Mantendo a posição defendida na convenção, os membros do movimento Ruptura/FER (ala interna do BE) não desistem de contestar a decisão de apoiar Alegre e estão já a tentar mobilizar os militantes descontentes com esta escolha para apresentar uma moção e uma lista alternativa na próxima reunião magna dos bloquistas, prevista para o primeiro trimestre de 2011. Depois de gorada a iniciativa de realizar uma convenção extraordinária para debater o apoio ao socialista, o Ruptura/FER avançou com um manifesto que sublinha uma das eventuais consequências da candidatura conjunta: "O BE enfraqueceu a sua posição de combate ao Governo." Entre os subscritores do documento encontram-se quatro membros da mesa nacional (Gil Garcia, Isabel Faria, João Delgado e João Pascoal), militantes e simpatizantes. Notando que Alegre não representa qualquer alternativa às políticas da "coabitação cúmplice Sócrates/Cavaco", os signatários desvalorizam ainda os conflitos do candidato com o Governo e com a bancada parlamentar do PS. "Ele ausentou-se do hemiciclo em votações que não lhe convinham ou manifestou oposição, nomeadamente ao Código do Trabalho, quando o seu voto não fazia falta para garantir a maioria", lê-se. E mais adiante antecipam a campanha de Alegre, dizendo que ela representa a "demagogia nacionalista, a nostalgia colonial, a exaltação da disciplina militar, a subserviência aos governos - tudo envolvido em pose marialva e declamado num tom solene e pomposo". Fernando Nobre é designado no manifesto como um "imitador" de Alegre, disputando com o socialista "a palma em matéria de grandiloquência chauvinista".
"Experiência histórica"
Quanto à candidatura do PCP, os autores encaram-na com "prudência", atendendo à "experiência histórica" das desistências a favor dos candidatos socialistas (1980 e 1996). No entanto, alguns bloquistas ligados ao Ruptura/FER estão também divididos quanto à escolha dos comunistas, Francisco Lopes: há quem admita votar no dirigente do PCP; e há quem o veja como um "candidato do aparelho", como Gil Garcia. Ao PÚBLICO, este bloquista reiterou que a escolha preferencial do Ruptura/FER era Francisco Louçã."A candidatura de Louçã fazia mais sentido agora do que fez há quatro anos", disse. Mas existia já um plano alternativo - apoiar Carvalho da Silva, líder da CGTP, numa candidatura conjunta com os comunistas. Frustradas as duas hipótese e perante os candidatos da esquerda, o colectivo pondera não apoiar qualquer candidatura”.

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