quarta-feira, agosto 25, 2010

Votos desperdiçados na democracia

Li no DN de Lisboa um texto da jornalista Paula Sá, segundo o qual "o politólogo José Bourdain afirma que o sistema eleitoral português é cada vez mais desproporcional Há muitos votos desperdiçados na democracia portuguesa, sobretudo nas eleições legislativas. Muitos eleitores que se deslocam às urnas e colocam a cruz noutros partidos que não o PS ou o PSD se tivessem ficado em casa o resultado eleitoral final seria exactamente o mesmo. Esta é a conclusão de um estudo do politólogo José Bourdain, que tem alertado para a "crescente desproporcionalidade do sistema eleitoral" português. O investigador do Instituto de Ciências Sociais afirma ao DN que esta situação conduz inevitavelmente à "desmotivação" desses eleitores e ao consequente aumento da "abstenção", visto não se sentirem representados. O seu estudo revela que dos 22 círculos existentes no nossos sistema eleitoral, dito proporcional, apenas em cinco não é difícil aos pequenos partidos conseguirem eleger pelo menos um deputado: Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Aveiro. Precisamente os maiores círculos e os que elegem mais deputados. E José Bourdain demonstra que a "tendência actual" de aumento de votos nos partidos médios, como o CDS, CDU (coligação do PCP com Os Verdes) e BE, faz com que haja muitos votos perdidos. Isto porque "estes partidos mesmo com votações em determinados círculos que percentualmente são superiores à média nacional, não conseguem representa- ção, levando assim a que o número de votos desperdiçados seja muito elevado". Há exemplos para aquelas três forças políticas nas últimas legislativas. No caso do CDS, que obteve 10,42% a nível nacional e elegeu 21 deputados, conseguiu em Bragança 12,57% de votos e na Guarda 11,16% e não conseguiu eleger qualquer deputado por aqueles dois círculos. No que toca ao BE, que conseguiu 9,80% a nível nacional, também não elegeu qualquer deputado em Évora e Portalegre, onde obteve, respectivamente, 11,12% e 10,75%. O mesmo sucedeu com a CDU, com um resultado de 7,84% de votos nacionais e não elegeu nenhum deputado por Portalegre com uma votação de 12,87%. "Esta situação é muito injusta para aquelas pessoas que vivem e votam nos círculos mais pequenos e com menor número de deputados candidatos à Assembleia da República", frisa o politólogo. José Bourdain, que defende a alteração do sistema eleitoral (ver texto em cima), considera que o actual sistema "é injusto e impróprio para a democracia", já que desde 1975 o número de eleitores cujo o voto não conta tem oscilado entre os 400 mil e os 500 mil”.

Sem comentários: