Segundo a SIC, "a directora do DCIAP terá sido a responsável por incluir no despacho de acusação do processo Freeport as 27 perguntas que ficaram por fazer a José Sócrates e Pedro Silva Pereira. De acordo com o semanário Expresso, Cândida Almeida negociou essa mesma inclusão com os procuradores responsáveis pelo caso, para evitar a inquirição do primeiro-ministro. Desde o início de Julho que os procuradores do Freeport tinham formuladas as 27 perguntas que queriam fazer a José Sócrates e as dez questões para Pedro Silva Pereira. O Expresso adianta que Cândida Almeida sabia desde Maio que os magistrados não abdicavam dos depoimentos. E se não o tinham pedido já era porque aguardavam o relatório final da Polícia Judiciária, que ficou pronto a 21 de Junho. Três semanas depois, enviavam as perguntas à directora do DCIAP e foi então que Cândida Almeida negociou a inclusão das questões no despacho final como contrapartida pela não inquirição do primeiro-ministro e ministro da Presidência. Um dos argumentos era o tempo que iria demorar, Cândida Almeida não sabia quantos meses iriam ser precisos entre pedidos de autorização e inquirições. Na nota final do documento de 252 páginas, admite que embora as perguntas fossem interessantes, as respostas não iam alterar grande coisa no despacho de arquivamento e de acusação.
PGR desconhecia despacho
O procurador-geral da República garante que não teve conhecimento prévio do despacho. É também o Expresso que o adianta este sábado, com Pinto Monteiro em discurso directo. Na entrevista, nega ter tido qualquer intervenção no processo Freeport e ser responsável pelo descrédito da Justiça. Pinto Monteiro recusa demitir-se, apesar de afirmar que um procurador refém de um sindicato é um atentado ao estado de direito. Da questão dos poderes, Pinto Monteiro diz na entrevista que na teoria até existem, só que na prática, desde que tomou posse que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público lhe condiciona as decisões. Sobre o Freeport, afirma que nunca teve conhecimento prévio do despacho, nem do processo, não o consultou e nunca ordenou qualquer diligência. Sobre o descrédito da justiça, diz não sentir qualquer tipo de responsabilidade. Talvez por isso não pondere demitir-se: "um beirão honesto nunca desiste daquilo em que acredita". Mas, voltando ao mau estar, Pinto Monteiro deixa claro que "se um procurador geral se sentir refém de um sindicato, então sim, será um verdadeiro atentado ao estato de direito".
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