Mário Soares: "Cabo Verde não deveria ter sido independente"
Segundo o Sol, "o ex-Presidente da República Mário Soares defendeu hoje que Cabo Verde «não deveria ter sido independente» e que o arquipélago «teria muito a ganhar» em ter evitado a separação em relação a Portugal «Eu sempre achei que Cabo Verde não deveria ter sido independente, não assisti à independência de Cabo Verde por isso mesmo», disse, no colóquio ‘Vozes da Revolução: Guerra Colonial e Descolonização’, no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Na opinião do antigo Chefe de Estado, Cabo Verde «teria muito a ganhar» caso se tivesse mantido parte do território nacional. «Eu pensava que Cabo Verde não é propriamente África porque Cabo Verde é um arquipélago do norte do Atlântico e que há uma relação que deveria ter sido mais explorada entre os três arquipélagos existentes que são Europa, ou seja, Açores, Madeira, depois Canárias e podia ser Cabo Verde», argumentou. Nas viagens que realizou como membro do Governo após a revolução de Abril de 1974, Mário Soares disse ter contactado muitos cabo-verdianos, nomeadamente nos Estados Unidos «onde havia uma colónia muito poderosa e rica», que «não queriam de maneira nenhuma a independência de Cabo Verde». Admitindo que «era muito difícil» que o caminho seguido não tivesse sido a independência, Mário Soares explicou que não explicitou «no momento exacto» o seu pensamento sobre o assunto porque interrompeu a sua participação directa no processo que conduziu à independência - «nessa altura em já estava fora do combate», disse". Ainda sobre este tema recomendo a leitura do texto hoje publicado no DN de Lisboa do jornalista Abel Coelho Morais: "Declarações de antigo presidente português "estão ultrapassadas". Os dois países "nada ganham com estas discussões". "O 'se' da União Europeia não passa disso mesmo enquanto o saldo da independência é real e positivo. Os cabo-verdianos estão orgulhosos da sua independência", afirmou ao DN o escritor Germano Almeida, comentando declarações feitas na véspera por Mário Soares. Numa intervenção num colóquio em Lisboa, o antigo presidente expressou reservas sobre o caminho seguido em 1975 por este arquipélago. "Eu sempre achei que Cabo Verde não deveria ter sido independente" e teria "muito a ganhar" caso tivesse mantido a ligação a Portugal. Notando que Cabo Verde "não é nada do que era em 1975", Germano Almeida relativiza a análise de Soares. "Não é opinião a valorizar nesta matéria." A ideia de "ficar preso a regalias efémeras, dos subsídios da União Europeia" é sinónimo "de um espírito dependente", considerou Arlinda Santos. Para esta cabo-verdiana envolvida "na luta armada do PAIGC pela independência", como fez questão de afirmar, Soares "voltou a um certo saudosismo, que não entendo. É uma declaração irreconhecível nele".
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