

Administra a Madeira a partir de um palácio onde os turistas entram sem pedir autorização, tiram fotografias para recordar o momento e podem abordar Alberto João Jardim ao cruzarem-se com ele. Faz questão de ter o portão sempre aberto e não esconde o que lhe vai na alma logo na sala onde se aguarda pela hora de subir ao seu gabinete. Nessa sala estão posters, cartões e fotografias espalhados pela parede que entretêm a breve espera.
O primeiro que chama a atenção é um postal de boas-festas que tem a assinatura de José Sócrates. Seguem-se outros cartões, com frases: «Tenho sempre razão»; «Vida longa aos inimigos para que assistam de pé à minha vitória»; «Porquê questionar? Deixem-me seguir o meu próprio caminho» ou «Mais tarde ou mais cedo os visionários provaram ser verdadeiros realistas». Esta última máxima é do antigo chanceler alemão Helmut Kohl, as anteriores são ditados populares, frases que interpretam o instinto político matador e os ideários de governabilidade de João Jardim, também expostos em fotografias inesperadas como uma em que surge com a bandeira do Partido Comunista Português nas mãos. No final do encontro, enquanto se passeia pelos jardins do palácio, dirá uma frase que sustenta a sua orientação económica: «Salazar defendia o equilíbrio orçamental. Viu-se o resultado em Abril de 1974.»
Alberto João Jardim acabou de almoçar mas não lhe falta apetite para a sobremesa. Coloca na ementa a «inexistente» oposição madeirense, o velho e o novo PSD de Pedro Passos Coelho, o apoio à reeleição de Cavaco Silva e a candidatura de Manuel Alegre, entre outras questões polémicas. O presidente do Governo Regional vai provando as sugestões do cardápio mas acaba por degustar com mais prazer os pratos fortes e polémicos. De lado fica a obstinação de Sócrates em legalizar o casamento gay com o argumento de que não vai estragar a convergência que neste momento é necessária para discutir a questão mas evita considerá-la uma garotice porque, diz, «cada um tem as suas ideias e valores». Quando se lhe faz a pergunta que está dentro da cabeça de todos os portugueses – se alguma vez alguém o vai meter na ordem? – a resposta é desabrida: «Espero que Nosso Senhor Jesus Cristo, quando eu chegar ao céu. Porque senão vai ser uma marabunta lá para cima" (Leia aqui, na integra, a entrevista de Alberto João Jardim à revista NS, distribuída sábado em suplemento com o DN de Lisboa. Uma entrevista realizada pelo jornalista João Céu e Silva
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