domingo, abril 18, 2010

Reportagem: "Os donos da Madeira"...

"Um sinal de fortuna na região autónoma é ser proprietário de hotéis. Não ter apenas uma unidade mas várias e, também, estar apostado na expansão para o continente e outros países. Trinta mil é o número de camas que dão aos empresários madeirenses o poder que o PSD e o presidente do Governo Regional não abocanharam e que os torna os verdadeiros «donos da Madeira». HÁ UMA HISTÓRIA que se conta na praça de táxis do aeroporto da Madeira que ilustra o actual estado da ilha: chega um emigrante que vive na Venezuela e não reconhece a paisagem que vê da janela do avião nem o aeroporto de onde partiu há duas décadas. A sua intenção era alugar um carro para as duas semanas de férias mas, ao ver tanta mudança, assusta-se e acaba por entrar num táxi para não se perder na sua terra natal.
Pode ser uma anedota que os taxistas contam para entreter os turistas que levam de Santa Cruz até aos hotéis da ilha mas, mesmo que o seja, não está muito longe da realidade actual que é a região autónoma. Longe vão os tempos em que a estrada entre o aeroporto e o Funchal era uma espécie de montanha-russa degradada, com as tradicionais casas com o telhado de quatro águas espalhadas pelas encostas, o comércio feito em lojinhas e tabernas e o Hotel Reid’s era o ponto alto da indústria hoteleira local. Mudou a paisagem e a sociedade drasticamente e esse novo filme da vida dos madeirenses pode ser visto neste fim-de-semana, quando se realiza a emblemática Festa da Flor. Uma iniciativa que ajuda os hotéis a recuperarem da baixas taxas de ocupação provocadas pelo cancelamento de muitas reservas aquando do temporal da manhã de sábado, 21 de Fevereiro, e que leva à ilha centenas de continentais que optaram por unir turismo e solidariedade no seu destino de férias. A MADEIRA voltou a estar na moda por essa razão trágica, o temporal que matou e destruiu como não se via desde o grande aluvião de 1993, mas quem visita o Funchal fica espantado por não reconhecer a devastação nos locais onde se viveram situações muito dramáticas. O principal responsável por esta reviravolta é o madeirense mais conhecido de todos os portugueses, o presidente do Governo Regional. Mas Alberto João Jardim não é o único. Um dos que imediatamente avançaram para salvar as pessoas que estavam em perigo emprestou camiões para retirar toneladas de lama e pôs as máquinas escavadoras a afastar os pedregulhos que caíram aos milhares das encostas chama-se Avelino Farinha e é dono de uma empresa de construção civil, com uma dimensão que os economistas do continente esquecem quando elaboram relatórios sobre o desenvolvimento nacional. Quando se tenta falar com ele verifica-se que é quase impossível porque aposta na discrição e só ao fim de uma perseguição telefónica concede dez minutos de conversa difícil. Tirar uma fotografia sua nem pensar! Quem é Avelino Farinha? A resposta é simples de encontrar: é um dos «donos da Madeira». Tal como são Horácio Roque, Joe Berardo e Dionísio Pestana no ramo da hotelaria; Luís Miguel de Sousa na exploração portuária e transportes marítimos e Michael Blandy nos famosos vinhos da região. Mas atribuir-se a Berardo o título de «dono da Madeira» devido à importância nos investimentos na hotelaria é um engano porque dos seus aviários sai um milhão de frangos por ano para alimentar madeirenses e turistas
". Leia
aqui o texto da reportagemn do jornalista da revista NS, João Céu e Silva.

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