"Vai haver muito analista nos próximos dias a traçar as mais variadas considerações sobre as eleições europeias: quem ganhou (e perdeu), onde estiveram os erros, o que vai acontecer nas legislativas, o que Sócrates pode fazer para recuperar o eleitorado, etc... É natural: o resultado das eleições, pela fragmentação partidária que provocou, baralhou todos os cenários que vinham sendo construídos. E, por isso, há que repensar tudo.Mas mais importante do que esse exercício é antecipar como os resultados das eleições vão afectar a actuação do Governo. E aqui o que se pode prever é um aumento acentuado das pressões para que o primeiro-ministro mude a política seguida até aqui. Quem, na noite eleitoral de domingo, tiver ouvido alguns "oráculos" do PS percebeu que a tentação de encostar à esquerda é cada vez maior...Assim sendo, a questão não é saber se José Sócrates vai resistir a estes apelos; é saber até onde vai resistir! É por isso que é preciso estar atento ao que vai sair de São Bento nos próximos meses. Porque o mais provável é termos uma enxurrada de medidas populistas, estilo ajudas às empresas (mesmo às que não têm solução), para estancar a sangria do desemprego. Com profundo impacte nas já depauperadas contas públicas (a dívida pública em percentagem do PIB vai passar de 75,1% em 2009 para 81,5% em 2010), ao ponto de se correr o risco de deitar para o lixo os sacrifícios dos últimos quatro anos. À atenção do Presidente da República" - por Camilo Lourenço (in "Jornal de Negócios")
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