Colombia: porque se está a divorciar Ingrid Betancourt?
A jornalista do Diário de Notícias de Lisboa, Helena Tecedeiro explica a história toda: "Separada desde que foi libertada, há um ano, a ex-refém das FARC quer oficializar o divórcio. Acusa o marido, Juan Carlos Lecompte, de infidelidade e uso de drogas. Este fala em ingratidão e garante que ela o traiu com outros reféns. Quando tatuou o rosto da mulher no ombro e se ofereceu para a substituir num cativeiro que duraria seis anos, às mãos das FARC, Juan Carlos Lecompte não imaginava que o casamento com Ingrid Betancourt ia terminar numa troca de acusações. Quase um ano após a ex-candidata à presidência da Colômbia ter sido libertada, pelo exército na operação Xeque, os advogados do casal falam em infidelidade, ofensas e consumo de drogas para justificar a oficialização de uma separação já efectiva. O processo de divórcio foi iniciado por Ingrid pouco depois de ser libertada, a 2 de Julho de 2008. Nada surpreendente, disseram alguns comentadores, para quem a reacção fria da ex-refém com o marido que a fora esperar ao aeroporto em Bogotá, era reveladora dos sentimentos da franco-colombiana. "O que recebi dela após o resgate foi ingratidão", disse Lecompte à revista Caras da Colômbia. A gota de água que terá levado Lecompte a querer oficializar uma separação que dura há um ano - Ingrid, mal libertada, seguiu para Paris, sem o segundo marido - terá sido a publicação do livro dos três ex-reféns americanos, libertados no mesmo dia que Ingrid. Em Out of Captivity (Saídos do Cativeiro, em português), o lusodescendente Marc Gonsalves, Thomas Howes e Keith Stansell relatam como Ingrid se terá envolvido emocionalmente com o senador Luis Eladio Pérez. E também com o próprio Marc Gonsalves. "Depois de tudo isto, Juan Carlos sentiu que tinha sido exposto a uma humilhação pública", escreveu a Caras. Alegando "incumprimento dos deveres conjugais" para pedir o divórcio, Ingrid - que sempre insistiu que "o que aconteceu na selva, fica na selva - respondeu na mesma moeda. A ex-refém - que já fora antes casada com o francês Fabrice Delloy, de quem tem dois filhos - acusou o segundo marido de lhe ter sido infiel enquanto ela estava em cativeiro. Segundo o espanhol ABC, Ingrid garante que Lecompte manteve uma relação com uma jornalista mexicana. E vai mesmo mais longe. Não só garante que Lecompte consome drogas, como afirma que o publicitário frequentava casas de massagens, que prestam também serviços sexuais. Estas são famosas na chamada "zona rosa" de Bogotá. Com uma troca de acusações, que segundo o diário espanhol El País, terá mais de 40 pontos, o mais provável, diz a Caras Colômbia, é que o tribunal acabe por optar por decretar o divórcio por culpa partilhada. Mas até lá, a Colômbia e o resto do mundo preparam-se para uma dura batalha entre os dois mais famosos advogados daquele país da América Latina. Gabriel Devis-Morales, em defesa de Ingrid, e Helí Abel Torrado, que representa Lecompte, prometem recorrer a todos os argumentos possíveis para defenderem os seus respectivos clientes. Entre recursos dos dois lados, o caso pode mesmo chegar ao Supremo Tribunal de Bogotá".
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