sexta-feira, abril 25, 2008

Nada me surpreendeu

Um dia depois da reunião do Conselho Nacional do PSD, escrevi num artigo de opinião (e a vantagem é que ele está publicado), sem conhecer os resultados e todas as peripécias que entretanto ali, depois, tiveram lugar, no qual afgirmava: "Porque gosto de ser pragmático, - e não abdico desse meu realismo crónico – para além de considerar Alberto João Jardim um excelente candidato para os desafios que hoje se colocam ao PSD nacional, tenho também a convicção de que o líder madeirense deve estar atento a manifestações de “apoio” que não passam de falsidades puras, concretamente de meros “apalpar do terreno” para “recolha de informações” quanto a intenções, num leva e traz que chega a ser patético, mas deliciante de ser acompanhado. Sobretudo porque tudo se passa nos bastidores. Jardim não pode sair chamuscado deste processo, muito menos pode ser traído, porque isso fragilizaria a sua imagem e, para além da injustiça – e falo apenas no PSD – seria provavelmente mau para a sua imagem. Jardim precisa de ter o retrato fiel da realidade partidária neste momento, dos jogos e das jogatanas, da realidade e da ficção, recusando a não distinguir o apoio pessoalizado a candidaturas e a realidade do partido, nas bases, onde estão os eleitores, das suas expectativas, das suas esperanças, dos seus anseios, das suas frustrações, da falta de mobilização, da dinâmica que desapareceu, do projecto que tem que ser reconstruído, da mensagem política que tem que ser levada coerentemente, e ainda mais coerentemente mantida, ao longo do próximo ano. Ele sabe isso tudo, sei que ele tem estado atento. Mas independentemente do que tenha acontecido ontem em Lisboa - e não acredito que alguma coisa tenha ainda acontecido – ou do que possa acontecer, Alberto João Jardim, tem que contar com o PSD, tem que contar com a solidariedade dos seus filiados, tem que falar ao coração do partido, às bases, tendo presente que existem vários patamares de apreciação, desde o mais elitista, situado lá no topo, muitas vezes sem canais de comunicação para os restantes patamares estruturais do partido, quer o intermédio, quer o mais baixo preenchido pela massa imensa dos filiados que não andam à procura de lugares ou de tachos, mas que querem a mudança, precisam de um partido forte mas, essencialmente, precisam de um líder que fale a sua linguagem, que lhes devolva a esperança de que é possível mudar". O que se passou depois, já todos sabem.

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