domingo, junho 17, 2007

Soares "versus" João Jardim

A penúltima edição da "Única", revista do semanário Expresso, pub icou uma entrevista com Mário Soares, da qual retiro, e transcrevo, as passagens da mesma que envolvem Alberto João Jardim:
Expresso - E a presidência de Cavaco Silva, corresponde ao que esperava?
Mãrio Soares - Tem sido uma presidência sem surpresas. Acho que Cavaco Silva tem sido correcto, discreto, pouco interventor, muito prudente. Mas não cometeu grandes erros. Um único reparo: a Madeira. Fez um apelo para que não houvesse inaugurações durante a campanha. Ora, o prato principal da campanha de Jardim foram as inaugurações. E o Presidente ficou silencioso. Poderá entender-se o seu comportamento como uma cedência, a confirmar a impunidade de Jardim?
Expreso - O facto é que, até agora, nunca se conseguiu meter Alberto João Jardim na ordem e ele voltou a ter uma maioria esmagadora.
Mário Soares - Sócrates teve a coragem de dizer: basta! Espero que não recue. Quanto à maioria obtida por Jardim, não surpreende. Mas não vai resolver nada. Há anos, aconselhei o Dr. Jardim, que tem qualidades, a seguir o caminho inteligente de Mota Amaral. Não é possível, em democracia, estar décadas a fio como presidente do Governo, mesmo ganhando eleições. Não é politicamente saudável, em democracia, a começar por quem exerce o poder. Não me ouviu. Os anos passam e a situação vai ser cada mais difícil para ele, apesar da fraqueza da oposição. É pena! Devia ter passado, a tempo, para o Continente e fazer outra coisa.
Expresso - O quê, por exemplo?
Mário Soares - Podia ter sido parlamentar, ministro, embaixador, jornalista. O que lhe apetecesse.

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