Debates
Ontem na RTP realizou-se um debate, o primeiro de uma série de debates sobre o futuro da Madeira. Inevitavelmente a economia. Mas há que ter presente que, primeiro que tudo isso, há a política, porque a economia tem muito a ver com o exercício da política, da governação, com a estabilidade social e política de uma região. Acompanhei-o não totalmente. Eu continuo a pensar que, para que as pessoas possam retirar algum efeito destes debates, são convidados a mais. Não se trata de debater a Região, porque provavelmente nem seriam as pessoas adequadas nem o local próprio, nem sequer existiu o “background” necessário a esse tipo de debate. Por outro lado, é bom que as pessoas tenham presente, e têm concerteza, que cada economista presente pensa e fala em função das suas opções ideológicas. Dou dois exemplos para que as pessoas percebam. Carlos Pereira pode ser economista, é de certeza absoluta, e pode repeti-lo um milhão de vezes. Mas é vereador do PS na Câmara do Funchal e, portanto, nunca reconhecerá qualquer utilidade no investimento público – aliás não o fez – porque o seguidismo partidarista o impede. Eu não sei como foram apresentados os convidados, porque “entrei” tarde. Provavelmente nem se apresentou como candidato do PS às eleições de 6 de Maio. Mas não se trata de um economista, puro e simples. Obviamente que Francisco Costa, ao falar do Centro de Negócios da Madeira, é parte interessada, pelo que tudo o que disser, independentemente do seu conteúdo ou correspondência à realidade, terá que ser olhado com distanciamento. Francisco Costa – o que nada tem a ver com a sua competência, conhecimentos, seriedade e empenho posto neste projecto - é para todos os efeitos o Presidente da SDM e não poderia subscrever interrogações ou dúvidas que se coloquem relativamente a algumas questões mais polémicas ou pertinentes. Eu quando vou à televisão, não deixo de ser dirigente do PSD da Madeira. Posso fazer um esforço, e faço-o, para analisar os factos de uma forma o mais “liberta” possível, despido de visões partidárias rígidas. Mas há sempre um limite porque as pessoas que me ouvem sabem que não sou independente - eles não existem, quanto muito há pessoas que não estão inscritas em partidos, o que é diferente... – por muito que percebam que há uma diferença entre os debates eminentemente partidários e os debates mais restritos destinados a analisar e/ou a comentar factos em concreto.
Relativamente ao debate de ontem – e o meu ilustre antigo professor de macroeconomia, Rui Cabral, da UMa, poderia e deveria ter tido uma participação mais intensa, porque o futuro da Madeira passa não pela teoria nem pelas “ideias” descarregadas às toneladas nestas alturas eleitorais, mas pela resposta que a Universidade da Madeira for capaz de dar ás exigências da Região – registei que o Presidente da SDM tenha revelado que as actividades financeiras no âmbito do Centro Internacional de Negócios da Madeira representam apenas 2% do PIB regional e que será o sector de serviços internacionais (quais?) aquele que maior peso terá na componente do PIB directamente influenciada pelo CINM.
A minha principal dúvida – esclarecendo desde já que eu recuso que a Madeira, depois de 20 anos de apoios dos fundos comunitários, continuasse a ser uma região “pobre” porque isso ou questionaria a política comunitária ou a competência dos governantes... – sobre a relação directa entre o CINM e o PIB regional, que acabou por determinar que a Madeira deixasse de integrar por mais 7 anos o lote das chamadas regiões “Objectivo 1”, é a de saber se o que se perde com isso, e que se calcula em quase 500 milhões de euros, é compensado com o que se ganha com o referido CINM. Só isso...
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