sexta-feira, março 23, 2007

Coisas de Lisboa

·Há uma coisa que me faz uma enorme confusão, por muito “grande” que seja a cidade de Lisboa e por milhares de pessoas que nela vivam ou trabalhem. Mas eu não consigo perceber como é que das 10 às 12 horas – supostamente hora de trabalho – o trânsito na cidade é um pesadelo, o mesmo sucedendo entre as 15 e as 17 horas, quando era suposto que toda a gente estivesse a trabalhar. Quando se fala em produtividade, terá isto alguma coisa a ver com os baixos indicadores sempre apurados em Portugal?
·Eu acho vergonhoso e deprimente o espectáculo, de concentração de pobres, animais, sujidade e doenças à vista de todos, junto à Igreja de São Domingos, ali nas bandas da “ginjinha” do Rossio. Um ex-libiris da cidade de Lisboa – a igreja foi consumida pelo fogo há muitos anos e continua hoje no estado de destruição causado pelo incêndio – não pode continuar a tolerar esse postal que a todos nos envergonha, mesmo que se saiba – basta percorrer a cidade – que existem mais pobres e pedintes nas ruas do que há dois ou três anos.
·Mais um exemplo dos efeitos nefastos da insularidade: todas as semanas tenho verificado que centenas de crianças, provenientes de todo o País, e que chegam a Lisboa em autocarros de carreira para o efeito fretados, ou em autocarros das Câmaras Municipais, tudo para assistirem ao espectáculo musical de Filipe la Féria, em exibição no Politeama, “O Principezinho”. Quando à miudagem das ilhas, particularmente da Madeira, nada. O que me irrita no meio de tudo isto é que ainda existem uns palermas – também chamados de “bestas quadradas” – que não percebem que a insularidade não é apenas uma questão de política ou de partidos. Ela condiciona, limita, dificulta, marginaliza, cria diferenças de oportunidades no seio do mesmo país. E é isso que o Estado central tem o dever de combater, tal como a interioridade do continente.

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