quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Tenham calma..

Confesso que já sabia que algumas pessoas, incluindo amigos meus e correligionários, ficariam (ficaram) “temerosos” quanto ao facto de eu considerar que a opção por eleições antecipadas poderia muito bem ser encarada. Eu não disse que ia acontecer. O que eu escrevi foi que, em meu entender, e depois da decisão presidencial de promulgar a lei das finanças regionais, (reconheço que admiti que Cavaco Silva pudesse promulgar a lei apenas para ela entrar em vigor no final da actual Legislatura), estavam criadas condições para que o cenário de eleições antecipadas (nunca antes de Outubro de 2007) poderia passar a ser encarado sem grandes complexos.
Disse-o e mantenho, mesmo sabendo, tal como referi, que o Presidente do PSD da Madeira já anunciou publicamente (antes da esperada decisão de Cavaco) que não se envolveria num esquema desses, o que respeito e acato sem contestação.
Mas fi-lo porquê?
Vamos por partes:
a) promulgada a LFR, com uma validade que se prolonga até 2013 – salvo uma decisão contrária – o que se esperam são dificuldades financeiras crescentes para a RAM, ainda por cima quando os cortes financeiros, ao abrigo da dita cuja, previstos para 2008 serão superiores aos mais de 30 milhões de euros já cortados em 2007;

b) significa isto que é bem possível que a Madeira fique sem recursos financeiros para cumprir a chamada componente regional relativa a cada investimento financiado pela União Europeia (25 a 30% do total9. Eu lembro, por outro lado, que as obras financiadas por fundos comunitários devem ser pagas prévia e integralmente e depois disso efectuado o adequado encontro para a recepção dos valores respectivos a que cada obra tem direito por financiamento aprovado;

c) é mais do que evidente que, se não for semanal, ou mensal há-de ser com a periodicidade que eles entenderem, que os socialistas em Lisboa vão continuar a “picar” o Governo Regional e Alberto João Jardim porque o grande objectivo deles é a derrota nas eleições regionais de 2008;

d) estamos, pois, perante um denário de desgaste, de enxovalhanço constante por parte de Lisboa, que certamente junto da opinião pública, a prolongar-se no tempo (associada à ideia que aos poucos se vai criado, de que não somos capazes de dar a volta aos problemas e que nem Cavaco Silva, aparentemente o nosso “aliado” natural num diferendo com o Terreiro do Paço nos valeu...);

e) por outro lado, admito que em Lisboa, mesmo junto de gente do PSD, exista a dúvida sobre se o PSD da Madeira continuaria a ser credor do apoio maioritário do eleitorado madeirense, posição que decorre em grande medida da conjugação do natural desgaste que vários anos de poder causa com uma nova lei eleitoral que reduz substancialmente os mandatos e coloca aos partidos desafios novos. Uma vitória com maioria absoluta daria, inquestionavelmente, uma legitimação redobrada, permitindo que Alberto João Jardim, na noite eleitoral de vitória desafiasse Sócrates a fazer o mesmo – teria ele hoje a maioria absoluta que ganhou em Fevereiro de 2005? Mas daria a Cavaco argumentos para intervir, de uma forma mais coerente, sempre que fossem ensaiadas tentativas de prejudicar a Madeira e o Presidente do Governo.


O que eu penso e escrevo faço-o em termos de política pura e dura, a pensar em questões políticas e sobretudo tendo como adquirido que provavelmente existirá uma diferença substancialmente, em termos conjunturais, entre Outubro de 2007 e Outubro de 2008. Neste contexto, e por muito válidos que sejam os argumentos impeditivos (!) de um cenário destes, diz o povo que mais vale enquanto é tempo, do que tarde demais. A minha opinião é esta, repito, influenciada pela promulgação da LFR e pela quase convicção de que seremos sistematicamente bombardeados, até Outubro de 2008, com factos, com quezílias, pequenas e grandes, visando denegrir e fragilizar a imagem da região mas sobretudo do PSD e de João Jardim. Mas, como já referi e repito, como este cenário está posto de parte e não passa de uma tontice de um qualquer “tonto de m...” – argumento que alguns iluminados de pacotilha, frutos de enxertias a martelo, costumam usar, quando não estão frente ao espelho – fica-me o consolo de que estarei por cá quando for o tempo para falarmos.

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