Vivemos num país de malta porreira, sempre
sob a auspiciosa "vigilância" militante dos socialistas no poder.
Na TAP, podem fazer mil comissões
parlamentares de inquérito que nunca chegaremos à história, à verdadeira
história, em todos os seus contornos, de tudo o que ali se passou, e que não
atinge apenas os dois últimos governos socialistas. Há negociatas nos tempos da
troika e pós-troika que continuam cobertos de muita lama.
Há a sensação, sobretudo depois do
escândalo da audição parlamentar da francesa ex-CEO da TAP ter sido previamente
preparada por membros de gabinetes ministeriais e deputados socialistas - tipo
vou fazer esta pergunta A e você dá esta resposta B, etc, tudo isto com o
envolvimento de conhecidos figurões da política mais ridícula e sem qualidade
nem ética - de que é tudo perda de tempo, de recursos e de dinheiro.
A isto juntam-se aquelas cenas da peça
político-teatral, "Galamba e o SIS", embora continue e pensar que o
ainda ministro pode ter sido vítima de uma rasteira ou de uma cabala montada
nos sectores que ele tutela e que ficaram incomodados com a sua promoção a
ministro. Uma opinião pessoal, que podendo "escandalizar" muita
gente, é construída olhando para o historial socialista, desde há 20 anos até
hoje, e para as sucessivas crises e faltas de lealdade. Até prova em contrário,
mantenho que Galamba pode ter sido tramado, porque não percebeu que lhe estavam
a fazer a "cama" desde que chegou a ministro e porque não conseguiu
sobretudo perceber as motivações e os interesses esfomeados de lucros fáceis
que se movem há muito nos subterrâneos dos interesses, das pressões, dos
lobbies, etc.
Galamba vai continuar a ser um protagonista
destes tempos de "porreirismo" mas certamente já tendo
percebido que será uma inevitável vítima de uma remodelação governamental que
Costa estará já a montar no silêncio de alguns gabinetes.
Mas esta onda de porreirismo militante e
solidário nem deixa a banca de fora, sim essa banca coitadinha que recebeu
cerca de 35% do valor emprestado pela troika a Portugal em 2011 (mas que foi
integralmente pago pelos portugueses e todos nos recordamos à custa de quantos
sacrifícios...), que se queixa de ter pago tudo com juros elevados e que ainda
foi obrigada a pagar taxas adicionais sobre os lucros acumulados. Confesso que
não sei se me atiro para o chão a chorar com "pena" desta gente.
Milhões de lucros diários, despedimentos diários de pessoal, encerramento de
agências tornando os bancos mais distantes de muitas pessoas, degradação dos
serviços prestados em nome da digitalização, aumento das comissões bancárias e
das taxas de juro às cavalitas da vergonhosa política esmagadora do BCE,
correcta em termos de princípios, mas errada em termos de execução e dimensão,
etc.
E a cereja no topo do bolo: os bancos emprestam
o dinheiro dos seus depositantes - pelo qual pagam taxas miseráveis inferiores
a 1% na maioria dos casos - cobrando taxas da ordem dos 3% ou 4%. Isso ajuda a
perceber que os bancos tenham perdido dezenas de milhões de euros em
depositados, retirados dos bancos e desviados para produtos financeiros mais
rentáveis e seguros, caso dos certificados de aforro.
Incomodados com a situação e temendo que a liquidez pudesse ser posta em causa, eis que os bancos se mexeram como costumam fazer, discretamente, pela calada, pressionando, exigindo, eis que, pela calada, no final do dia de uma sexta-feira, o governo surgisse a anunciar mudanças nas regras aplicadas à comercialização dos certificados de aforro com o propósito de estancar - julgo que ainda sem sucesso - a "limpeza" dos depósitos de particulares nos bancos que continuam renitentes em aumentar as taxas dos depósitos para valores decentes, aliás como o próprio Marcelo Rebelo de Sousa recomendou veementemente. (LFM, texto publicado no Tribuna da Madeira)
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