sábado, junho 17, 2023

Zona Euro entra em recessão técnica. Japão cresce mais do que previsto

A zona euro há dois trimestres consecutivos que cai ligeiramente em relação aos três meses anteriores, avançou esta quinta-feira o Eurostat. Os economistas falam de recessão técnica. Na Ásia, o crescimento da economia nipónica acelerou para 2,7% no primeiro trimestre, segundo o gabinete do governo. O crescimento no primeiro trimestre de 2023 trouxe surpresas. Na zona euro confirmou-se uma recessão técnica em dois trimestres consecutivos, depois do Eurostat proceder, esta quinta-feira, a revisões em baixa nas suas estimativas iniciais avançadas em maio. Pelo contrário, no Japão, o crescimento nos primeiros três meses acelerou, ficando acima das previsões.

RECESSÃO DOMINA A ZONA EURO

A situação na zona euro acabou por se agravar nos últimos seis meses. As novas estimativas do Eurostat, avançadas esta quinta-feira, apontam, agora, para duas quebras trimestrais sucessivas de 0,1%. A economia dos países do euro recuou 0,1% entre outubro e dezembro do ano passado e voltou a registar uma quebra da mesma dimensão entre janeiro e março em termos encadeados. Em relação a este último período, o Gabinete de Estatísticas da União Europeia reviu em baixa a estimativa inicial que apontava para um crescimento de 0,2%

Estas quebras registaram-se em relação ao trimestre imediatamente anterior, o que os economistas designam por variação em cadeia. A anterior recessão técnica registou-se no primeiro semestre de 2020, no início do choque económico gerado pela pandemia da covid-19. Em cadeia, o PIB caiu 3,3% nos primeiros três meses e registou um colapso histórico de 11,4% no segundo trimestre. No início de 2021, esteve-se próximo de nova recessão técnica, com o PIB a cair 0,2% nos últimos três meses de 2020 e a estagnar nos primeiros três meses do ano seguinte.

Em termos nacionais, estão, em recessão técnica as economias da Alemanha, Estónia, Irlanda e Lituânia.

A situação na zona euro piorou também em termos homólogos, na variação em relação a idêntico período de há um ano. Esta é outra medida de variação temporal do PIB em termos reais - em vez, de comparar com os três meses anteriores, avalia-se o crescimento em relação ao trimestre do ano anterior.

Em termos homólogos, o crescimento económico da zona euro entre janeiro e março foi medíocre, de apenas 1%, ainda menos do que a estimativa de 1,3% avançada inicialmente em maio. Pior só o Reino Unido, com 0,2%, a Coreia do Sul, com 0,9% e a Rússia há quatro trimestres em recessão. São as variações homólogas que servem para comparações internacionais.

No mau desempenho da zona euro pesa a evolução da economia da Alemanha, que registou uma quebra de meio ponto percentual no primeiro trimestre

No mau desempenho da zona euro pesa a evolução da economia da Alemanha, que registou uma quebra de meio ponto percentual no primeiro trimestre. Também registaram recuos a Chéquia, Estónia, Irlanda, Lituânia e Finlândia. A revisão da estimativa irlandesa foi brutal: de um crescimento previsto de 2,6% para uma quebra de 0,3%.

ESPANHA E PORTUGAL DESTACAM-SE PELA DINÂMICA DE CRESCIMENTO

A economia portuguesa escapou a esta onda vermelha, apesar de uma desaceleração do crescimento de 3,2% nos últimos três meses do ano passado para 2,5% entre janeiro e março deste ano. A dinâmica de crescimento foi duas vezes e meia superior à média da zona euro.

Espanha destacou-se entre as maiores economias do euro, com um crescimento cerca de quatro vezes superior à média

Com uma dinâmica superior à portuguesa registaram-se os crescimentos de Espanha (3,8%), Chipre (3,4%), Malta (3,2%) e Croácia (2,6%).

O nosso vizinho peninsular destacou-se entre as maiores economias do euro, com um crescimento cerca de quatro vezes superior à média, a larga distância de França (0,9%) e Itália (1,9%) e numa outra pista em relação à Alemanha (com uma quebra de 0,5%).

JAPÃO SURPREENDE COM FORTE ACELERAÇÃO

A economia nipónica cresceu 2,7% no primeiro trimestre do ano, registando uma forte aceleração em relação aos 0,4% dos últimos três meses de 2022, segundo avançou esta quinta-feira o Gabinete do governo. Este organismo procedeu a uma revisão substancial da previsão inicial que apontava para 1,6%. Os próprios analistas ficaram surpreendidos, com a média de previsões apontando para 1,9%.

Na maioria das grandes economias, a tendência é para conservar o ritmo no patamar onde está ou acelerar.

As exceções mais graves são a Rússia, que está mergulhada numa recessão duradoura e o Reino Unido, que regista uma desaceleração prolongada a caminho da estagnação. A Zona Euro desacelerou para 1%, a Coreia do Sul deslizou para 0,9% e a Austrália diminui o ritmo de 2,7% para 2,3%

Em aceleração incluem-se os Estados Unidos, cujo crescimento passou de 0,9% no quarto trimestre do ano passado para 1,6% no primeiro trimestre deste ano, o Brasil, de 1,9% para 4%, a China, de 2,9% para 4,5%, e a Índia, de 4,5% para 6,1%.

Com um crescimento estável, situam-se o Canadá que subiu de 2,07% para 2,2%, o México de 3,6% para 3,7% e a Indonésia de 5.01% para 5,03% (Expresso, texto do jornalista Jorge Nascimento Rodrigues)

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