quinta-feira, outubro 29, 2020

Madeira: por favor mantenham políticos, partidos, caganças, vaidades e manipulações fora do debate sobre o futuro do nosso turismo


Isto (estes quadros oficiais) nunca pode ser considerado a "normalidade" e - pedindo desculpa por não ser especialista no tema  e mesmo sabendo que o mundo turístico local se irrita com as ingerências externas de ignorantes como eu... - é um facto que eu sei, todos sabemos, há quem olhe para a principal actividade económica regional de uma forma leviana, demagógica, superficial, deficiente e patética, como se tudo se resolvesse com  paleio ou boas intenções. Estes dados reportam-se a Agosto deste ano. Não há varinhas mágicas.

O turismo depende de haver ou não turistas, não do que dizemos, escrevemos ou queremos. Mas para haver turistas, mais do que as precauções tomadas por hotéis e restaurantes - que no caso da Madeira reconheço que têm realizado um grande esforço para corresponderem às exigências de segurança sanitária um momento tão estranho e deprimente como este que ainda vivemos - precisamos apenas de ter turistas.


Ou seja, os turistas, apenas por eles, é que decidem se, numa Europa claramente em segunda vaga pandémica e com a ameaça de novas medidas restritivas, viajam ou não. Apenas isso. Tudo o resto são tretas. Não há promoção que vença o medo, não há preçários que suplantem a dúvida e a hesitação em tempos de pandemia. Também Canárias se preparam para agravar as exigências (nomeadamente quanto aos testes PCR) a quem desembarca nas ilhas, numa região - é bom lembrá-lo - em que o próprio Presidente do Governo, Torres, reconheceu que 8 em cada 10 famílias daquela CCAA dependem directa ou indirectamente do turismo!

Numa conjuntura marcada por falências no sector, em         que há companhias aéreas que não vão resistir, (e ninguém sabe o que vai acontecer à TAP), quando já temos mais de 200 aeroportos europeus falidos ou à beira da falência (e garante a ACI que esse número vai aumentar), o que precisamos enquanto destino diferenciador, é de discutir o futuro (o passado passou a ser lixo, nada valendo, e presente tem um prazo de validade que nunca foi tão reduzido), definir prioridades promocionais, adoptar medidas selectivas que evitem a proliferação descontrolada de empresas prestadoras de serviços, funcionando porta-sim-porta-não, ou frente-frente uma da outra, sem qualidade e que de forma leviana provocaram concorrência selvagem, uma espécie de caos empresarial no sector turístico (prestação de serviços periféricos), perceber se é recomendável estarmos numa terra como a nossa onde fecham negócios e se abrem tascas e restaurantes uns atrás dos outros, dezenas deles sem alguma vez terem tido qualquer qualidade e que se encontram hoje encerrados sem possibilidades de reabrirem (poderia falar, por exemplo, de rent-a-car que nem parques de estacionamento próprios foram obrigadas as ter, de pequenas tascas ou restaurantes em zona turística que nunca tiveram a visita de uma inspeção de controlo sanitário e de qualidade....). 


Julgo que é que é preciso discutir, com pragmatismo, com frontalidade e verdade, independentemente de incomodar. Discutir os desafios em termos de alojamento turístico regional (quem controla a qualidade da oferta e com que periodicidade?), das ligações aéreas que são o cerne de tudo isto, da dependência da Madeira dos aviões e dos operadores turísticos - não se esqueçam que nesta altura temos hotéis fechados, alguns de 4 e 5 estrelas e que em Canárias hotéis que abriram animados nos meses de Verão (até de grandes grupos como a Lopesan ou a Riu)  já anunciaram que vão fechar várias das suas unidades até a Páscoa, Aliás o mesmo pode acontecer no Algarve. O que precisamos discutir é o impacto de tudo isto. E por favor, por amor da Santa, não politizem este tema, não metam partidos e política na discussão que se exige séria em torno do nosso futuro, porque o nosso futuro passa pelo futuro do turismo. 


E não se esqueçam disto, mesmo que não queiram encarar isso: nada ficará como antes depois da pandemia passar - e vai passar - nunca voltaremos a uma certa rebaldaria de serviços prestados que existia em Portugal e na Europa turística. E pronto disse o que me apetecia dizer mesmo não sendo, nem quero ser, especialista no assunto. Mas confesso que me irritam certos aproveitamentos demagógicos, vaidades institucionais, sentimentos de arrogância ou de pança-cheia, e lirismos idiotas associados ao turismo, presente e futuro, na nossa Região (LFM).


Nota: uma nota final. A Secretaria Regional de Turismo (que nada tem a ver com a Estatística da Madeira) que actualize rapidamente o seu item “estatísticas” porque acho que não fica bem a um site institucional com a projeção e procura do site da SRT, manter estatísticas reportadas apenas a Março deste ano, como se o mundo tivesse parado nesse mês. Por favor, actualizem rapidamente essa informação e outra que entendam por útil nesta fase em que vivemos

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