sábado, outubro 10, 2020

Empresas: Líderes mundiais assumem desemprego como principal preocupação. Portugueses apontam para o risco das doenças infeciosas

O desemprego é a maior preocupação dos líderes empresariais mundiais, de acordo com o mapa interativo “Riscos Regionais dos Negócios 2020”, do Fórum Económico Mundial, desenvolvido em parceria com a Marsh & McLennan Companies, o Zurich Insurance Group e o SK Group.

Da edição deste ano destaque para as crises fiscais que ocupavam o primeiro lugar em 2019 e descem este ano para o terceiro lugar.

As “doenças infeciosas” subiram 28 lugares no ranking e ocupam o segundo lugar, sendo o risco mais recorrente a ocupar o Top 10 em todas as regiões, exceto na Ásia do Sul. As regiões alvo desta pesquisa incluem Ásia-Pacífico, Eurásia, Europa, América Latina e Caribe, Médio Oriente e Norte de África, América do Norte, Ásia do Sul e África Subsaariana.

O questionário analisa 30 riscos, incluindo ataques terroristas, fenómenos meteorológicos extremos e colapsos ou crises de Estado.

Embora no top dos riscos estejam principalmente os económicos, os riscos relacionados com o clima estão, também, a ter especial atenção este ano, com as “catástrofes naturais” (que sobem sete lugares), os “fenómenos meteorológicos extremos” (sobem cinco), a “perda da biodiversidade” e “colapso dos ecossistemas” (sobem oito) e a “falha de adaptação às alterações climáticas” (sobem dois) a merecerem lugares de destaque.

Outras alterações significativas verificam-se ao nível das “catástrofes ambientais provocadas pelo homem” (a descer seis lugares), a “falha de planeamento urbano” (desce sete) e os “ataques terroristas” (a descer nove).

Portugal não esquece “fragilidades da banca nacional”

Em declarações à Executive Digest, Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal explica que Portugal apresenta um ranking de riscos similar à média europeia. Com algumas diferenças de posições, apenas a “propagação de doenças infeciosas” e o “desemprego ou subemprego” ocupam os mesmos lugares que na Europa, 1.º e 3.º respetivamente.

Em contrapartida, o Top5 nacional substitui as “crises fiscais” evidenciadas na Europa, pela “falha dos mecanismos ou instituições financeiras”, que já em 2019 figurava em 2.º lugar e em 2018 em 1.º do top nacional.

“Claramente, os gestores portugueses não esquecem as fragilidades que a banca nacional evidenciou na última década e mantêm este risco entre as suas maiores preocupações”, afirma o responsável.

Para Fernando Chaves, a preocupação com o “desemprego ou subemprego”, que não constavam do Top5 nacional em 2019 e 2018 merece uma atenção especial.

“Os nossos gestores têm procurado tomar decisões muito suportadas nas medidas de apoio que o Estado tem implementado, nomeadamente o layoff e layoff simplificado. Não é por acaso, que noutros estudos recentes, esta medida do governo em tempos de Covid-19 surge como a preferida pelos empresários”, sublinha o especialista.

“No entanto, o esforço por garantir que Portugal não volta a entrar em confinamento pode vir a dar relevo às fragilidades conhecidas de muitos setores e milhares de empresas em Portugal, que terão de reduzir investimentos e cortar em custos fixos. Agora que preparam os seus orçamentos para o próximo exercício, poderão ser obrigadas a reorganizações ou até mesmo despedimentos”, conclui.

Sobre o cenário português,  Edgar Lopes, Chief Risk Officer da Zurich Portugal, em declarações Executive Digest, não deixa de sublinhar que o risco “propagação de doenças infeciosas” aparece, em três anos, pela primeira vez e vai direto para o primeiro lugar.

“É normal face à pandemia que estamos a viver. No entanto é preocupante que os empresários não relacionem o risco propagação de doenças infeciosas com os riscos climáticos de falha de adaptação às alterações climáticas, que situam em 10.º lugar ou com a perda da biodiversidade e colapso dos ecossistemas que só aparece em 23.º lugar”, afirma, acrescentando que “ainda falta criar a consciencialização e perceção de que os riscos climáticos afetam, e muito, as nossas empresas, a economia em geral e também a sociedade”.

“Hoje em dia os riscos são globais, são sistémicos e, invariavelmente, atingem-no a todos – a pandemia Covid-19 é um excelente exemplo desta realidade. Nas empresas temos de conseguir ser ainda mais abrangentes na gestão do risco, integrando os riscos económicos, ambientais e sociais. Só desta forma conseguiremos proteger as gerações vindouras, proporcionando-lhes um mundo equilibrado e saudável para viver”, remata o responsável.

Top 5 dos riscos para os negócios em Portugal – 2020

Propagação de doenças infeciosas

Falha de mecanismo financeiro ou institucional

Desemprego ou subemprego

Bolha de ativos

Ataques cibernéticos (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)

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