O desemprego é a
maior preocupação dos líderes empresariais mundiais, de acordo com o mapa
interativo “Riscos Regionais dos Negócios 2020”, do Fórum Económico Mundial,
desenvolvido em parceria com a Marsh & McLennan Companies, o Zurich
Insurance Group e o SK Group.
Da edição deste
ano destaque para as crises fiscais que ocupavam o primeiro lugar em 2019 e
descem este ano para o terceiro lugar.
As “doenças
infeciosas” subiram 28 lugares no ranking e ocupam o segundo lugar, sendo o
risco mais recorrente a ocupar o Top 10 em todas as regiões, exceto na Ásia do
Sul. As regiões alvo desta pesquisa incluem Ásia-Pacífico, Eurásia, Europa,
América Latina e Caribe, Médio Oriente e Norte de África, América do Norte,
Ásia do Sul e África Subsaariana.
O questionário
analisa 30 riscos, incluindo ataques terroristas, fenómenos meteorológicos extremos
e colapsos ou crises de Estado.
Embora no top dos riscos estejam principalmente os económicos, os riscos relacionados com o clima estão, também, a ter especial atenção este ano, com as “catástrofes naturais” (que sobem sete lugares), os “fenómenos meteorológicos extremos” (sobem cinco), a “perda da biodiversidade” e “colapso dos ecossistemas” (sobem oito) e a “falha de adaptação às alterações climáticas” (sobem dois) a merecerem lugares de destaque.
Outras alterações
significativas verificam-se ao nível das “catástrofes ambientais provocadas
pelo homem” (a descer seis lugares), a “falha de planeamento urbano” (desce
sete) e os “ataques terroristas” (a descer nove).
Portugal não
esquece “fragilidades da banca nacional”
Em declarações à
Executive Digest, Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal explica
que Portugal apresenta um ranking de riscos similar à média europeia. Com
algumas diferenças de posições, apenas a “propagação de doenças infeciosas” e o
“desemprego ou subemprego” ocupam os mesmos lugares que na Europa, 1.º e 3.º
respetivamente.
Em contrapartida,
o Top5 nacional substitui as “crises fiscais” evidenciadas na Europa, pela
“falha dos mecanismos ou instituições financeiras”, que já em 2019 figurava em
2.º lugar e em 2018 em 1.º do top nacional.
“Claramente, os
gestores portugueses não esquecem as fragilidades que a banca nacional
evidenciou na última década e mantêm este risco entre as suas maiores
preocupações”, afirma o responsável.
Para Fernando
Chaves, a preocupação com o “desemprego ou subemprego”, que não constavam do
Top5 nacional em 2019 e 2018 merece uma atenção especial.
“Os nossos
gestores têm procurado tomar decisões muito suportadas nas medidas de apoio que
o Estado tem implementado, nomeadamente o layoff e layoff simplificado. Não é
por acaso, que noutros estudos recentes, esta medida do governo em tempos de
Covid-19 surge como a preferida pelos empresários”, sublinha o especialista.
“No entanto, o
esforço por garantir que Portugal não volta a entrar em confinamento pode vir a
dar relevo às fragilidades conhecidas de muitos setores e milhares de empresas
em Portugal, que terão de reduzir investimentos e cortar em custos fixos. Agora
que preparam os seus orçamentos para o próximo exercício, poderão ser obrigadas
a reorganizações ou até mesmo despedimentos”, conclui.
Sobre o cenário
português, Edgar Lopes, Chief Risk
Officer da Zurich Portugal, em declarações Executive Digest, não deixa de
sublinhar que o risco “propagação de doenças infeciosas” aparece, em três anos,
pela primeira vez e vai direto para o primeiro lugar.
“É normal face à
pandemia que estamos a viver. No entanto é preocupante que os empresários não
relacionem o risco propagação de doenças infeciosas com os riscos climáticos de
falha de adaptação às alterações climáticas, que situam em 10.º lugar ou com a
perda da biodiversidade e colapso dos ecossistemas que só aparece em 23.º
lugar”, afirma, acrescentando que “ainda falta criar a consciencialização e
perceção de que os riscos climáticos afetam, e muito, as nossas empresas, a
economia em geral e também a sociedade”.
“Hoje em dia os
riscos são globais, são sistémicos e, invariavelmente, atingem-no a todos – a
pandemia Covid-19 é um excelente exemplo desta realidade. Nas empresas temos de
conseguir ser ainda mais abrangentes na gestão do risco, integrando os riscos
económicos, ambientais e sociais. Só desta forma conseguiremos proteger as
gerações vindouras, proporcionando-lhes um mundo equilibrado e saudável para
viver”, remata o responsável.
Top 5 dos riscos
para os negócios em Portugal – 2020
Propagação de
doenças infeciosas
Falha de mecanismo
financeiro ou institucional
Desemprego ou
subemprego
Bolha de ativos
Ataques
cibernéticos (Executive Digest, texto da jornalista Sonia Bexiga)
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