quinta-feira, janeiro 23, 2020

Nota: há coligações que podem ser tiros nos pés

Confesso que não sei bem, aliás não entendo mesmo nada, a utilidade de uma eventual coligação autárquica, PSD e CDS, alargada a todos os concelhos da RAM, quando a realidade política e eleitoral nada tem a ver com aritméticas. Tem a ver apenas e só com a falta de votos que impedem que os partidos em causa, juntos ou separados, reforcem a sua posição autárquica ou ganhem as Câmaras Municipais - penso que o objectivo principal é esse - que a oposição ganhou em 2013 e manteve em 2017.
Realmente o retrato autárquico do CDS na RAM, ao longo dos anos, limitou-se a São Vicente - agora já não - onde chegou a ter uma Junta de Freguesia, a Santana, embora sem nunca ganhar a Câmara Municipal até 2013, à Calheta, onde consegue uma representação na vereação mas longe da vitória na edilidade e a Câmara de Lobos, embora neste caso a presença na vereação seja um fenómeno eleitoral mais recente, aliás tal como no Funchal. No caso da Ponta do Sol, apesar de manter-se eleitoralmente vivo, o CDS nunca conseguiu ao longo dos anos mais do que um vereador porque foi sempre o terceiro partido municipal.

Concretamente, e vamos a factos e ser sérios, acredito que os propósitos "alianceiros" do PSD e do CDS terão a ver com o Funchal, eventualmente com Ribeira Brava - onde o CDS apoiou a lista do ex-social-democrata Ricardo Nascimento, actual presidente - e Santa Cruz, onde é sabido que o PS vai apostar tudo o que tem e não tem, e o CDS foi durante anos entusiasta aliado do grupo de cidadãos até terem virado partido (JPP), altura em que o divórcio se consumou, mas o que não impediu ex-militantes centristas de continuarem apoiantes do projecto político liderado pelos dois irmãos Sousa de Gaula.
Confesso que não vejo o PSD-M em Santana - embora perceba que estas coligações autárquicas implicam cedências que também descaracterizam os partidos e podem causar fuga de eleitorado, sobretudo para a abstenção ou para projectos políticos situados próximos dos partidos em causa - aceitar prescindir de uma candidatura própria - aliás isso seria politicamente criminoso porque duvido que isso não suscite o que podemos denominar de lento definhar do partido naquele concelho, depois de tudo o que se passou em São Vicente onde espero por 2021 para saber se deixará marcas ou não a decisão de 2017 de não candidatura a nenhum órgão autárquico - num concelho que sempre liderou e que por culpa própria, devido a escolhas erradas e ao mérito pessoal do agora secretário regional do Mar, perdeu em 2013 e 2017.
Também tenho dificuldade em perceber que o PSD-M, que perdeu a Ponta do Sol em 2017 por culpa própria, graças a devido a divergências internas e a opções de candidaturas polémicas (mesmo antes da sua formalização…), beneficie da cedência de espaço por parte do CDS - salvo se Sara Madalena, actual vereadora abandonar qualquer candidatura - quando um dos objectivos laranjas é recuperar em 2021 uma edilidade que foi sempre emblemática e que fez do antigo chamado "laranjistão" (Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol e Calheta) dado que até 2017 o PSD nunca perdeu estas Câmaras Municipais.
Elaborei uma série de quadros que ajudam a perceber o que realmente está em causa, recomendando que PSD e CDS analisem com ponderação e sabedoria esta matéria, sob pena de cometerem erros dos quais eles serão os primeiros prejudicados (LFM)

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