terça-feira, janeiro 14, 2020

3 Notas Soltas....

ORÇAMENTO DO ESTADO

Tanta gente tentou fazer um “caso” em torno da posição política dos três deputados do PSD-Madeira na votação da proposta de Orçamento de Estado para 2020. Sem razões, porque estas negociações não são novidade. No passado aconteceram algumas vezes e com penalizações para os deputados do PSD-Madeira, bem como do atual líder do CDS-Madeira quando passou por São Bento.
Resta saber o que esteve, de facto, envolvido no “negócio”. Apenas e só o financiamento parcial da obra de construção do novo Hospital da Madeira? Parcial porque é público que a Madeira vai contrair mais empréstimos para pagar a obra que se prolongará por vários anos, com revisões de preços à mistura, prazos eventualmente não cumpridos, etc? No final vereemos qual foi, e qual a dimensão, o envolvimento do Estado nesta obra de reconhecido interesse nacional
Fica a pergunta que é uma dúvida, julgo que generalizada: afinal, que outras matérias foram postas em cima da mesa? A mobilidade aérea? A consagração da redução das taxas de juro reportados aos empréstimos contraídos pela RAM ao abrigo do PAEF, em 2012? A entrega à RAM de verbas em atraso e reclamadas por esta ao Estado - várias dezenas de milhões de euros - reportadas a diversos itens e que podem ser usadas para redução da dívida pública regional? A mobilidade marítima em nome da continuidade territorial?
Por exemplo, que investimentos serão feitos pela República nas áreas da sua competência, por exemplo na RTP-Madeira cuja degradação tecnológica é mais do que evidente?
A verdade é que há um certo silêncio sobre tudo isto ninguém diz nada de nada, contratam-se assessorias e agências de comunicação, mas continua a haver um défice de informação e de lisura de procedimentos, falta de esclarecimento das pessoas, necessidade reforçada de combate ao secretismo de dossiers pretensamente secretos ou negociações reservadas a subterrâneos que regra geral nunca dão certo. As pessoas continuam mantidas longe de tudo, distraídas por fugas de informação cirúrgicas que no fundo mostram como o poder tenta usar e manipular a comunicação social olhando-a como um instrumento exploratório de qualquer coisa.

Sócrates foi o maior neste domínio, controlando tudo, e veja-se onde ele está e a braços com o quê.
Porque não se informa os madeirenses sobre o que foi pedido a Lisboa, o que foi concedido e o que está ainda no patamar das promessas, eventualmente a aguardar a discussão na especialidade das propostas de Plano e Orçamento do Estado para o presente ano? Desconheço que compromissos foram conseguidos, e duvido, até prova em contrário, que tenham sido alcançados entendimentos que ultrapassem a discussão gasta e maçadora em torno do hospital. Porque o novo Hospital Central da Madeira ou faz-se ou não se faz. O resto são idiotices que não interessam às pessoas. Falamos de “coisas” que apenas alimentam a agenda mediática e preenchem a agenda política de partidos e políticos.
O que a opinião pública quer saber, particularmente os eleitores do PSD-M, é se valeu a pena a abstenção dos 3 deputados na Assembleia da República, se a Madeira fica a ganhar com isso, e em que medida. E se vale a pena correr o risco, como no passado recente de má memoria, de um conflito com a estrutura nacional e a liderança nacional do partido.
Cabe ao PSD-Madeira explicar aos cidadãos que o PS-M não tem razão na sua acusação de que este alegado processo negocial com a República foi uma farsa. O pior que podem fazer aos eleitores é enganá-los e trazê-los à força para uma espécie de circo da palhaçada fomentada por gente sem escrúpulos.

DIRECTAS NO PSD PARA ELEIÇÃO NACIONAL

Julgo que neste caso concreto houve a conjugação de dois itens: a apertada interpretação estatutária dos regulamentos internos e a decisão política de acabar com a vergonhosa bandalheira de haver gente sem escrúpulos a pagar quotas de dezenas ou centenas de pessoas para ganhar força negocial interna e disponibilizarem votos no quadro de uma corrida eleitoral interna. Uma realidade que não é só do PSD e que no caso do PSD nem sequer é apenas um fenómeno continental…
Esses expedientes dão de um partido, em termos de militância, uma imagem enganadora e falsa da sua realidade no terreno, empolando os militantes activos quando na realidade essa inflação de filiados não passa de fenómenos associados a disputas internas ou a confrontos, ocultos ou mais às claras, entre grupos de interesses.
Portanto se eu concordo com regras, e portanto com as ideias de Rio, de regular o processo de pagamento de quotas para evitar expedientes e aldrabices, discordo do fundamentalismo idiota em torno da exigência do pagamento por multibanco e não sei que mais. No caso da Madeira esta disputa acabou por levar à anulação dos votos dos militantes social-democratas madeirenses que deram uma estranha vitória ao candidato mais fraco, algo que daria para uma enorme discussão, quer na tentativa de interpretação de um eventual quadro alargado de manipulação, quer na eventualidade de estarmos perante um prémio dos eleitores locais decorrente da posição que o candidato Miguel Luz sempre assumiu na “guerra” entre o PSD-Madeira e Lisboa, defendendo os insulares de forma clara.
Reconheço que não é matéria pacífica sobretudo pelo passado, pelos vícios acumulados ao longo de décadas, por tudo o que foi feito até hoje, incluindo na Madeira.
Esperto que o PSD-Madeira pondere a necessidade de uma espécie de farsa eleitoral repetindo o que se passou na primeira volta, porque havendo jurisprudência interna sobre esta matéria, é incontornável que decisão semelhante será tomada caso tudo volte a repetir-se. Não sei se o PSD-M acha que defende a sua autonomia estatutária e a sua dignidade fomentando estes actos. Só por masoquismo. Julgo que, mais do que a dignidade do recato, melhor seria que em resposta ao que se passou – e a estranha movimentações locais que eu francamente não estava à espera e que considero um absurdas – que seja feito um apelo ao boicote ao acto eleitoral, deixando depois a cada militante a decisão de fazer o que entender. Oficialmente, tal como na primeira volta, estarão aptos a votar 104 militantes que terão pago as quotas de acordo com as regras estabelecidas pelo partido em Lisboa e que se aplicam a toda a estrutura já que se trata da eleição de uma liderança nacional, não regional (mas cuidado uma coisa é apelar aos militantes para que boicotem, outra coisa é não darem condições para que os 104 militantes inscritos caso queiram votar o possam fazer com toda a liberdade e respeito pela decisão tomada, caso ela seja essa)
Da parte que me toca, estou-me nas tintas, absolutamente distante de tudo e à vontade - nem paguei quotas - borrifando-me para um partido que lamentavelmente ainda hesita entre mudar dando um murro na mesa ou ceder à ”viuvez” e premiar os resquícios maçónicos do “passismo” de má memória que teve como mérito destruir o PSD e deixar um legado à geringonça que uniu a esquerda – algo nunca antes acontecido em Portugal – destruiu o mito de um PSD que era o único partido associado a uma governação de contas certas – os resultados orçamentais jogam hoje a favor do PS de Costa e Centeno – e serviu de rastilho para a vitória do PS em Outubro passado.

ORÇAMENTO REGIONAL

Estamos na Região numa conjuntura marcada pelo orçamento regional para 2020, com menos dinheiro que o anterior (cerca de 200 milhões de euros) mas com algumas medidas interessantes, quer para os rendimentos das pessoas, para as empresas, para resolver os graves problemas na saúde e sem, esquecer as obrigações na frente social.

Quanto ao orçamento regional estão já dados os sinais, sinais de uma bipolarização protagonizada pela coligação no poder, PSD e CDS, e pela restante oposição do outro (PS, JPP e PCP). Mesmo sem ter começado a discussão é mais do que evidente que PSD e CDS votarão a favor das suas propostas de Plano e Orçamento para 2020, que PS e PCP votarão contra e que a JPP continua naquela habitual divagação filosofal, tentando manter um pé em cada margem do rio, mas depois acabando por engrossar a estratégia socialista que quase reduziu o partido de Santa Cruz a uma insignificância parlamentar, Quase que apostaria no voto contra porque qualquer proximidade à coligação PSD-CDS poderia colocar problemas, desde já, à sua estratégia autárquica em Santa Cruz e à imagem da aldeia gaulesa na luta contra os romanos (LFM)

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