terça-feira, janeiro 14, 2020

Nota: e qual é o espanto?

Qual é a surpresa? Paulo Cafofo não tem qualquer experiência política, foi um autarca que teve sucesso duas vezes no Funchal à frente de uma coligação, mas que perdeu as eleições regionais quando todos dizem que provavelmente foi a oportunidade das oportunidades - eu nunca concordei com isso - para os socialistas. A verdade é que os resultados dos socialistas são atribuídos mais a demérito do PSD e da sua governação do que a méritos do PS e de Cafofo. O ex-autarca funchalense tinha tido apenas uma discreta actividade sindical nos professores antes de ter ganho protagonismo no Funchal, graças ao facto de ter sido "descoberto" por Vítor Freitas. Nunca aderiu ao PS, alimentou uma imagem cinzenta de "independente" encapotado,  acabando contudo por aderir aos socialistas em Novembro de 2019, já depois das regionais, e porque essa era uma das exigências para concretizar aquele que alegadamente era o seu sonho, a liderança do PS-M. E esta verdade não pode ser nunca mudada. 
Agora ele confronta-de com uma realidade nova e que o PS-Madeira já percebeu: Cafofo deu um passo maior que a perna, arriscou demasiado, e tem demonstrado nos primeiros meses de parlamento esperadas dificuldades de afirmação, provavelmente porque não tem perfil adequado, nem dinâmica mobilizadora para liderar o maior partido da oposição. 
Pessoalmente acho que Cafofo está agastado com o facto de lhe terem feito a cama. O ex-Presidente da Câmara do Funchal já percebeu - eu sei que já percebeu - que as sua promoção a membro (secretário de estado) do actual governo do PS de Costa, foi boicotada por motivos internos (do PS-Madeira) que um dia a história vai desvendar. Agora poderá estar em vias de abrir uma nova guerra partidária, ao levantar problemas - habilmente disfarçados - a uma candidatura de Miguel Gouveia no Funchal, tudo, ao que dizem, por ajuste de contas, por haver quem no PS-M acuse Gouveia de ter afastado os tentáculos do "cafofismo" para naturalmente - como eu faria e qualquer um faria no lugar dele - colocar pessoas da sua confiança pessoal e política, em lugares-chave da gestão autárquica, tudo a pensar em 2021. Por isso há grupos no PS-M que, para pressionarem Gouveia ou não - isso não sei - ou para lançarem a confusão no seio do partido avançam com pretensas candidaturas camarárias no Funchal, quer envolvendo um deputado na Assembleia da República, quer um autarca do Funchal só porque lidera uma das maiores juntas de freguesia da capital madeirense (mas sobre este tema um dia destes desenvolverei a minha análise) Por isso esta manchete do JM não me espanta em nada,rigorosamente em nada (LFM)

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