quinta-feira, janeiro 07, 2016

Opinião: verdade, frontalidade e a ocultação de opções partidárias

Pouca gente conhece uma senhora chamada Maria do Rosário Gama. Mas se falarem de uma senhora que se apresenta perante os jornalistas sempre com um visual bem cuidado e que na qualidade de dirigente da APRe! (associação de Aposentados, pensionistas e reformados) aborda a temática dos reformados, tendo ganho o mediatismo q.b. que a levou a ser promovida a dirigente nacional do PS e candidata...a candidata por Coimbra nas últimas eleições, provavelmente esse desconhecimento reduz-se. Penso que todos se recordam da polémica surgida com a lista de Coimbra vetada pela direcção nacional do PS e que passou por Rosário Gama!
Parece que esta dirigente socialista e apoiante de Sampaio da Nóvoa não gostou da forma como o jornalista José Rodrigues dos Santos conduziu o debate entre o candidato presidencial que ela apoia e Henrique Neto, pelo que resolveu queixar-se junto da ERC e do provedor do espectador na RTP. Rosário Gama criticou o que chamou de "o comportamento indigno de José Rodrigues dos Santos que mancha a informação da televisão pública, paga por todos os contribuintes”.
Independentemente de Rodrigues dos Santos ter, reconhecidamente, se excedido e metido água algumas vezes e de exibir alguma altivez pedante quando entrevista certos convidados, a verdade é que há uma linha vermelha, tem que haver, a separar o direito que qualquer pessoa tem de discordar dos jornalistas – era o que faltava que assim não fosse - num determinado momento e o jornalismo enquanto tal, uma linha que separe a intenção, mais ou menos deliberada e potencialmente sectária e manipuladora, de avançar com queixas, que na realidade escondem a intenção de pressionar e condicionar os jornalistas, e a influência político-partidária a elas subjacente. Algo que espero bem que esta socialista e dirigente de uma associação privada – repito, à frente da qual ganhou o mediatisno que lhe valeu a promoção a dirigente socialista nacional (facto que não me incomoda rigorosamente nada, nem me oferece qualquer comentário, embora considere que há cenas absurdas protagonizadas por quem esconde as suas opções partidárias que muitas vezes explicam as atitudes) – não  consiga e que a ERC se comporte com a dignidade e isenção que deve ter nestes casos.
Reconheço que esta membro da Comissão Política Nacional do PS teve a dignidade, por causa da TSU e de outras medidas para a segurança social, de votar contra  a proposta de programa do seu partido, foi mesmo o único voto contra, por razões que então explicou. Mas por muito que queira, sendo militante e dirigente do PS, não consegue afastar essa carga política de qualquer declaração que faça e de críticas que formalize. Aliás, não foi o PS que durante anos criticou o PCP pelo facto de usar pontas-de-lança ao seu serviço para colocá-los na liderança de certas organizações privadas, incluindo umas "comissões de utentes" que ninguém sabe quem representam. Mas não confundo essa coerência de Rosário Gama, que respeito, com o risco que este procedimento agora tomado, motivado por razões políticas, possa ter num quadro plausível de pressão e condicionamento dos jornalistas (LFM)

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