terça-feira, janeiro 26, 2016

Mania de escrever: Saúde e a força política de JFN

O deputado do CDS-Madeira, o médico Mário Pereira, afirmou hoje na Assembleia Legislativa que um dos problemas da saúde resulta do facto de João Faria Nunes, actual secretário regional da saúde, não ter a força política que porventura precisaria e que o deputado centrista entende seria recomendável.
É de facto recorrente afirmar-se que nos governos os titulares, entre outras pastas, da educação e da saúde, são quase sempre personalidades técnicas, sem grande peso político nas estruturas dos governos e nos partidos que os suportam.
Conheço o João Faria Nunes desde os primórdios da nossa passagem pelo antigo Liceu, pela mesma turma. Conheço-o suficientemente bem e penso que a nossa amizade permite-me referir que se há coisas que JFN nunca deu grande importância - o que não significa que não desse atenção à política regional, porque dava -  foi ao medir do seu "peso político". Não me repugna sequer reconhecer que JFN, até pela sua maneira de ser e de estar, nunca se sentiu atraído por andar a correr atrás de uma militância partidária apenas em busca de peso político pessoal.
Embora perceba o enquadramento das declarações de Mário Pereira - por exemplo, não acredito que ele ache que o antigo ministro da saúde do governo de coligação de Passos Coelho e do CDS de Paulo  Portas, tivesse algum peso político, mas sobre isso nunca ouvi qualquer declaração do deputado do CDS-M, apesar da degradação sentida no sector e denunciada sistematicamente pela Ordem dos Médicos  - não creio que os problemas se resolvam apenas com base na lógica do maior ou menos peso político de um secretário ou ministro.
Eu até entendo o discurso do deputado centrista porque, enquanto médico e politico, tem insistido na abordagem da problemática da saúde, precisando de fundamentar, numa lógica política pura e dura, a existência de assuntos ou áreas que possa criticar. Mas tal como referiu João Faria Nunes
Segundo o deputado do CDS, "o problema é peso político para exigir, ao secretário das Finanças, o que a Saúde precisa".
Não sei se é verdadeira a acusação de que "metade dos madeirenses não têm acesso a médico de família, sobretudo nas áreas urbanas".
Sei que a Saúde tem problemas,como todos os demais sectores, que muitos dos problemas resultam da falta de recursos financeiros, que são cada vez mais e da ordem das centenas de milhões de euros. Mas sei que existem outros problemas, de natureza mais interna, de gestão dos recursos, de introdução de mudanças de procedimentos, de hábitos e de vícios que podem estar a impedir que os serviços tenham a resposta mais adequada, de desperdícios, de algumas ligações pouco recomendáveis entre público e sector privado, etc.
Finalmente subscrevo a declaração de João Faria Nunes que reclama mais tempo para encontrar soluções para os problemas, muitos deles com dezenas de anos, que precisa de encontrar uma equipa de colaboradores que se identifique com as suas orientações e pensamentos, que necessita de pacificar o sistema de saúde sacudido por situações internas que colocam em causa a estabilidade funcional, que impede a normalidade emocional dos profissionais, que não os mobilizam e que chegam mesmo a originar saídas absolutamente evitáveis, etc.
Veja-se, depois da saída de Paulo Macedo em Lisboa, tudo o que tem sido colocado depois disso em casa pelo novo ministro e e pelo novo poder. Mas afinal não era suposto, durante a vigência do governo anterior de Passos e do CDS, que a Saúde era uma espécie de oásis sem problemas?! Mais do mesmo. Talvez porque a saúde, tal como a educação, são dois sectores sociais profundamente politizados, diria mesmo partidarizados numa ânsia de especulação e de manipulação, além de serem palcos preferenciais para confrontos entre estruturas sindicais e o poder. É sempre assim. E percebe-se facilmente que assim seja. A Madeira não é excepção. Até ver... (LFM)

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