“À luz destas descobertas, qualquer proposta para atingirmos imunidade de grupo através da infeção natural não será apenas muito pouco ética como também não viria a surtir efeitos”. A imunidade de grupo “não é alcançável”. É a conclusão do maior estudo feito sobre imunidade de grupo à covid-19 em qualquer nação europeia (Espanha) e mostra que apenas 5% da população do país com 47 milhões de pessoas está imune ao novo coronavírus. Essa tal imunidade “geral” da população - ou seja, aquele estágio da progressão de uma doença contagiosa em que a maioria das pessoas de uma região já não fica infetada porque uma maioria se vacinou ou porque o vírus já atingiu tanta gente que as pessoas que estão imunes criam uma espécie de barreira ao contágio - não é sequer uma possibilidade distante, segundo as conclusões de uma análise a 61.000 habitantes de Espanha, publicado na revista de descobertas médicas “Lancet”. Dito por outras palavras, 95% da população continua suscetível ao vírus.
Outros estudos semelhantes realizados nos Estados Unidos, na China ou na Suécia e também na cidade suíça de Genebra, comprovam que há ainda uma vasta maioria da população que não foi infetada com o novo coronavírus. Uma das médicas que lideraram o estudo, Isabella Eckerle, do Centro de Estudo das Doenças Virais de Genebra, avisa contra qualquer medida pública que passe por deixar o vírus espalhar-se na população: “À luz destas descobertas, qualquer proposta para atingirmos imunidade de grupo através da infeção natural não será apenas muito pouco ética como também não viria a surtir qualquer efeito. Não é alcançável”, lê-se no comentário de resumo que acompanha o estudo.
Espanha é um dos países da Europa onde o vírus fez mais vítimas (já morreram mais de 28 mil pessoas e o total de casos está nos 250 mil, um quarto de milhão de pessoas), o que ainda torna este estudo mais significativo. A cientista espanhola que liderou o estudo no país, Marina Pollán, disse à CNN que esse cenário está muito longe: “A maioria dos epidemiologistas diz que a imunidade de grupo pode ser alcançada com cerca de 60% das pessoas imunes mas, como se pode ver, estamos mesmo muito longe desse número”. No resumo do estudo, a especificidade de Espanha também fica clara: “A prevalência relativamente baixa de anticorpos observada num contexto de uma intensa manifestação do vírus, como é o caso de Espanha, pode servir como referência para outros países. Presentemente, a imunidade de grupo é difícil de atingir sem causarmos imensas mortes na população mais suscetível e sem pressionarmos os sistemas de saúde”, diz o relatório.
Os médicos não têm a certeza ainda se desenvolver anticorpos quer mesmo dizer que uma pessoas não pode contrair a doença de novo e também não é certo ao longo de quanto tempo cada pessoa fica imune ou se isso tem que ver com a quantidade de vírus que entra no corpo, por exemplo (Expresso)
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