quarta-feira, julho 24, 2019

Nota: assim não! Na política não vale tudo

Acho verdadeiramente intoleráveis certas declarações, não só pelo absurdo das mesmas, mas pela hipocrisia que denotam numa altura em que a política precisa, cada vez mais, de pessoas sérias como protagonistas, que tenham autoridade moral para apontar o dedo quando o fazem, pois só assim os eleitores sentem de novo confiança e atração pela política.
Temos que ter presente que a formação dos protagonistas políticos - e recordo que Cafofo, sem qualquer menorização, é um professor de História, claramente condicionado no conhecimento de muitas outras matérias específicas, a que se junta uma experiência política  que apenas começou em 2013, quando foi descoberto por Vitor Freitas e se candidatou no Funchal - faz com que muitos deles fiquem mais vulneráveis, dependentes de assessorias, preocupados em disfarçar essas insuficiências com chavões montados por agências de comunicação que tanto vendem um sabonete, como publicitam produtos bancários que levam muita gente à falência ou transformam um político banal, igual a tantos outros, numa espécie de "milagreiro" de trazer por casa, desde que isso garanta notícias e depois dê votos. Tudo isto, regra geral, por via da manipulação ou de trabalhos de assessoria devidamente elaborados (e ilustrados ou até sonorizados) que são depois publicados quase "ipsis verbis" por alguns média aproveitando a limitação crescente de recursos humanos existente nas redações.
Sei que há algum complexo de inferioridade entre os políticos sem uma adequada preparação técnica - Cafofo não pode ter a veleidade de saber tudo, por exemplo, falando de finanças públicas, de saúde ou de economia como falará de educação - mas isso não determina que eles tenham que ser desonestos, intriguistas, falsos, mentirosos, hipócritas, etc. E muito menos que se deixem usar como meras peças de um puzzle que os transcende, quer por agências de comunicação ou assessorias, pagas a peso de ouro, mesmo que não se saiba como, quer mesmo por determinados grupos de interesses que não conseguem disfarçar a sede de poder para consolidarem vá lá saber-se o quê

Quando leio o antigo Presidente da CMF acusar o Governo Regional da Madeira de estar ao serviço do PSD-Madeira - nada de novo, apenas mais do mesmo, um chavão patético usado pelo PS regional em 40 anos de vida política regional - a minha reação assenta em vários aspectos distintos:

- afinal o que faz o coitadinho do governo da República ao serviço da geringonça (ou do  PS?)? Não trabalha para o PS, para Costa, para as ambições de Centeno, claramente hoje longe de ser o patinho feito carregado de teoria como foi catalogado - a exemplo de Vítor Gaspar de má memória - quando chegou aos corredores do poder em 2013?

- qual a autoridade política e moral de Cafofo que o habilita a apontar o dedo quando tanto no continente como nos  Açores (e veremos como será em 2020...) é o que se vê em termos de ligação entre o PS versus a governação? A nível nacional Costa desdobra-se diariamente em visitas e inaugurações (deixo algumas fotos que obviamente não mostram que o governo das República esteja ao serviço do PS e de Costa...).

- Será que Cafofo com tanta hipocrisia e contradição, provavelmente para superar o desespero de insuficiências e limitações de todos conhecidas, continuará a insistir nessa treta da (sua) comunicação política e que inevitavelmente fará com que o descalabro seja ainda maior do que o previsível? Os eleitores madeirenses são inteligentes e conhecem Cafofo e a sua "inocente" praxis de gestão do poder e de propaganda da sua imagem.

- Já agora, onde está a autoridade moral e política de quem esteve envolvido sorrateiramente na escolha da candidata do PS-M ao Parlamento Europeu (nada a dizer quanto à jovem, como é evidente), até porque é sabido que foi do seu círculo pessoal mais próximo que saiu a aposta na candidata em causa, mas que depois dos resultados desastrosos não teve a integridade de assumir responsabilidade e de reconhecer que a estratégia da campanha dirigida por gente de mão do próprio Cafofo, foi desajustada e desastrosa, talvez por ter sido facilmente desmontada quanto se tratou de falar da Madeira e da defesa dos seus interesses junto das instâncias europeias?

- Finalmente, é ou não factual que a CMF foi sempre um trampolim para as ambições pessoais e políticas de Cafofo, muito à custa de cumplicidades construídas em Lisboa mas empoladas e hipervalorizadas nos média? É ou não factual que no segundo mandato nem aparecia na CMF, faltava tanto que já nem sabiam se ele era ou não ainda o autarca do Funchal. Colocou a CMF ao seu serviço, das suas ambições de candidatura, transformou gabinetes de apoio à presidência em salas de reuniões e de planificação de toda a intriga palaciana partidária para o assalto ao poder no PS-M e que culminou com a golpada que destituiu o agora recuperado (e ex-crítico) Carlos Pereira (com Cafofo uma vez mais a meter-se em explicações partidárias tontas que não são da sua competência, dado que se trata de um independente da treta que nem dirigente do PS-M é...)

- Afinal a CMF era ou não uma mera secção do PS-Madeira empenhada apenas em boicotar a liderança do partido nos tempos de CP e a preparar a golpada para que as ambições (candidatura do falso independente) de Cafofo se concretizassem?

E já agora, Cafofo ao abandonar o cargo autárquico virou político profissional. Ou não? Não acredito, salvo se ganhou o euromilhões, que ele tenha abdicado, por 3 ou 4 meses, do vencimento de autarca no Funchal, da ordem dos 4 mil euros, sem que seja devidamente compensado por isso. Resta saber como. Se os partidos - e o PS-M mais ainda - estão falidos e sem dinheiro, se há custos com assessoria de comunicação e agências de imagem, se há funcionários e outras despesas correntes com que contar, como é que sobram - julgo que ninguém acredita em milagres da multiplicação - recursos financeiros para que Cafofo tenha abdicado da autarquia funchalense sem mais nada? Afinal o que se passa? Estaremos a falar de sacos azuis? Recordo que para além de ter renunciado ao mandato, Cafofo renovou o pedido de licença sem vencimento enquanto docente. Tudo isto é estranho. Acho que Cafofo deve esclarecer as pessoas, desde logo os militantes do PS-M que viram o seu partido tomado de assalto por uma golpada palaciana descarada e sem vergonha montada nos gabinetes da CMF e sancionada pelo Largo do Rato (PS nacional), até para evitar que o assunto reapareça na campanha eleitoral de forma contundente e mais especulativa.
É muita questão misturada, muita dúvida, muitos factos que apenas colocam a nu a hipocrisia de quem não tem autoridade para ser um "milagreiro" da treta, apesar de o venderem como tal como o portador das soluções dos nossos males. Basta ver o que se passa nos Açores para percebermos que é tudo o mesmo.
Cafofo que reze para que o Tribunal de Contas não vá escarafunchar a gestão camarária funchalense desde 2014, sobretudo em áreas mais polémicas - concursos de chefias e contratações de pessoas, Frente-Mar, prestação de serviços, etc. Isso depois do bónus que lhe foi dado do caso do Monte, que será apenas retomado depois das eleições (estranhos estes calendários da justiça, perante um caso ocorrido em 2017 que provocou 13 mortos e mais de 50 feridos...).
Basta-nos a palhaçada do Hospital e dos 75 milhões, bastam os 2 milhões para criar novas rotas aéreas como se isso funcionasse assim (lembro que a Ryanair terá exigido 10 milhões de euros, a título de compensação, para voar para a Madeira), etc. Uma pessoa não é obrigada a saber e tudo. Certo! Mas a asneirada não pode ter campo aberto só porque temos políticos ambiciosos, descarados e com uma imensa falta de vergonha na cara que acham que vale tudo.
Uma pessoa que usou a CMF em seu benefício e que por causa das suas ambições (e do grupo que lidera) pessoais e políticas, transformou (deixou que transformassem) a CMF numa sede da intriga e de jogadas políticas no seio do PS Madeira, onde até se decidia sobre candidatos a estruturas socialistas de freguesia e de concelho (no quadro do tal medir de espingardas para o grande confronto no PS-Madeira que derrotou um desprevenido, urbano e desleixado Carlos Pereira), a partir de onde eram ameaçadas e aliciadas pessoas e comprados apoios, etc, ainda tem o descaramento de acusar o GRM de estar aos serviço do PSD, fechando os olhos ao que se passa em Lisboa com Costa e o governo do PS, claramente apostado em trucidar os parceiros da geringonça, que autoridade moral e política tem para abrir os queixos nesta matéria? Deixe-se de asneiradas destas e não invente desculpas antecipadas para derrotas a caminho. Deixe-se de enganar os madeirenses ou julga que eles são cegos? (LFM)

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