terça-feira, julho 16, 2019

70% da pesca de atum na Madeira é feita por embarcações açorianas que lá deixam a maioria do pescado

O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia salientou que “as 22 embarcações registadas nos Açores com licença para pescar na Madeira são responsáveis por mais de 70% das descargas” de atum registadas naquela Região Autónoma. Gui Menezes referiu ontem  que “a pesca ao atum é incerta” nos Açores, é sazonal, iniciando-se em meados de abril e terminando em outubro, acrescentando que, nos primeiros meses, há uma maior probabilidade da ocorrência destas espécies na Madeira, onde a maioria das embarcações açorianas estão licenciadas a pescar. Entre a frota licenciada para a captura de tunídeos usando a arte de salto-e-vara, cerca de três dezenas de embarcações só efectuam descargas de tunídeos, exercendo a sua actividade nas sub-áreas Açores e Madeira.
De acordo com o diploma europeu que determina as possibilidades de pesca, a quota nacional de atum-voador é de 1.994 toneladas e a quota nacional de atum-patudo é de 3.574 toneladas, tendo-se pescado até agora 1.257 toneladas de voador e 1.240 toneladas de patudo, sendo que mais de 95% foi descarregado na Madeira, onde o valor de primeira venda de tunídeos ronda os seis milhões de euros, sendo que o atum-voador representa 3,2 milhões de euros, o patudo cerca de 2,6 milhões de euros, o bonito 60 mil euros (65 mil quilos) e o rabilo 250 mil euros (32 mil quilos). Tendo em conta as pescarias de atum descarregadas na Madeira é de referir que as mais-valias da percentagem do valor total descarregado em lota não fica nos Açores, neste caso na Lotaçor, mas sim na empresa madeirense. O pescador retira o seu valor não havendo qualquer problema em descarregar quer na Madeira quer nos Açores. O seu valor de venda é o mesmo.

Analisando a pesca nos Açores, sem considerar o atum, “em termos de preço médio, até ao início do mês de Junho, registou-se uma valorização do pescado” em 6,31 euros por quilo em 2019, o que representa mais 38% que em 2016, mais 3% que em 2017 e mais 13% que em 2018, adiantou Gui Menezes.
Nesse sentido, acrescentou o Secretário Regional, continua a registar-se no acumulado de 2019 a tendência de aumento “do valor médio do pescado, sendo um dos exemplos os alfonsins”, incluindo imperador, cujo preço médio subiu 57% em relação a 2017 e 5% em relação a 2018. 
APASA defende posição  tomada pela Federação das Pescas
Também ontem, a Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores (APASA) veio em comunicado declarar o seu apoio à Federação das Pescas dos Açores na posição que esta tomou sobre os aumentos no preçário da Lotaçor relativamente, aos custos de congelação e conservação do pescado, em particular, sobre o Bonito.
A APASA, na mesma nota, salienta que estes novos preços não zelam pelos interesses nem de armadores nem de pescadores, num ano em que a captura de tunídeos tem sido bastante fraca na região, o que provoca maiores dificuldades financeiras às embarcações costeiras e locais que se dedicam a esta pescaria.
Para além disso, a APASA considera que, independentemente do baixo preço internacional a que está o Bonito, a indústria não tem estado a ter uma conduta correta, ao aplicar à produção, os custos suplementares que tem com a conservação e congelação e também não está a ter em conta, o facto de que as capturas efectuadas na região são certificadas pela Dolphin Safe, Friends of the Sea e Marca Açores, marcas que valorizam as conservas da região.
Por sua vez, também em comunicado, a APASA defende que a redução de custos que houve na congelação e conservação, anunciada pelo Sr. Secretário Regional do Mar Ciência e Tecnologia, é evidente que não foi suficiente, comparativamente ao que se praticava em 2017, para que tenham havido alterações nos preços que a indústria está a praticar este ano, em cerca de menos 0,30€ por quilo.
Assim sendo, a APASA considera que é de elementar importância que o Governo Regional, tal como defendeu o Presidente da Federação das Pescas dos Açores, interfira junto da indústria e da Lotaçor, para que seja reavaliada esta situação”, lê-se na nota enviada às redacções (Correio dos Açores)

Sem comentários: