quarta-feira, março 27, 2019

Nota: acho que os ingleses cometeram um erro em 20916 que têm vergonha de assumir e reconhecer

Eu cada mais me convenço que os ingleses - que nunca tiveram de corpo inteiro na UE apesar de terem sido fundadores da CEE - têm um problema complicado por resolver, que é sobretudo de consciência, que não assumem, que nunca reconhecerão publicamente, mas que tem marcado e condicionado a sociedade britânica desde a realização do referendo sobre o Brexit, em 23 de Junho de 2016.
Falo do facto de eu considerar que se enganaram ou de terem sido manipulados pela classe política que naquela altura dominava os partidos - mas que hoje estão quase todos afastados - a que se junta, e foi a primeira vez que se falou do assunto, a eventualidade de uma cabala assente na proliferação de "fake news" que terão dominado, manipulado e direccionado as opções dos eleitores ingleses no referendo.
Porque digo isto? Porque acho que a esmagadora maioria dos eleitores não sabia o que estava em cima da mesa, em termos do impacto para o país caso o Brexit vencesse, que se misturaram muitas coisas, nomeadamente as questões da emigração cruzadas com a ameaça terrorista, divergências entre Londres e Bruxelas e diferentes opiniões em relação a questões orçamentais da UE e dos contributos significativos de Londres para o orçamento europeu. Agora, como caldo entornado, as divergências, o impasse, a dúvida sobre o que vai acontecer, estão a marcar a sociedade britânica e os ingleses cada vez mais temerosos de um impacto negativo decorrente de um Brexit sem acordo com Bruxelas.

Recordo que 51,9% dos britânicos votaram a favor da saída da União Europeia, enquanto que 48,1% optaram pela permanência, com uma participação eleitoral extraordinária de 71,8% eleitores. Os resultados, considerando algumas das mais regiões do país, foram estes: 
Londres2.263.519 eleitores a favor da continuidade e apenas 1.513.232 a favor da saída
Escócia1.661.191 eleitores a favor da continuidade e 1.018.322 a favor da saída da UE
Irlanda do  Norte440.707 eleitores votaram pela permanência e 349.442 pela saída
Pais de Gales772.347 votaram pela continuidade na União Europeia e 854.572 eleitores votaram pela saída da União  Europeia.
O mentor
O homem que desencadeou o Brexit, cumprindo uma promessa eleitoral que sob pressão política ele próprio fez em 2013, foi David Cameron, conservador, que todos alegam que esperavam que o resultado do referendo fosse o oposto. O que se passou é que a sua carreira política acabou nesse dia e Cameron praticamente foi uma promessa eleitoral remeteu-se ao silêncio desde o momento em que se demitiu. David Cameron, que fez campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia e que saiu de cena face ao resultado do referendo que apadrinhou
Segundo a imprensa, logo depois do referendo, os vencidos foram David Cameron (O referendo marcou o seu fim político, prometeu-o em 2013, apenas para acalmar a ala eurocéptica do seu Partido Conservador e travar o aumento da popularidade do partido eurocéptico, o UKIP), Jeremy Corbyn (o líder trabalhista, da ala mais à esquerda do partido esteve muito tempo silencioso e só nos últimos dias pediu o voto na permanência) e George Osborne (ex-ministro das Finanças que chegou a chamar os militantes conservadores mais radicais de "ignorantes económicos").
Da lista dos vencedores do referendo figuravam Boris Johnson (ex-presidente da câmara de Londres que chefiou a campanha pelo "Brexit" e ex-ministro de Thereza May), o extremista de direita e actual eurodeputado, Nigel Farage, eurofóbico que apostou em denegrir as instituições europeias, e foi a vitória do seu partido nas eleições europeias de 214 que incitou David Cameron a convocar o referendo), Michael Gove (ex-ministro da Justiça de Cameron, afastou-se dele para ficar do lado do "Brexit") e, por razões específicas, Nicola Sturgeon (a chefe do governo escocês, do Partido Nacionalista Escocês, insistiu que  o "Brexit" poderia justificar um novo referendo sobre a independência da Escócia, o que nunca aconteceu).
Um conselho final: pressionem Londres a um novo referendo e mobilizem as pessoas fazendo uma campanha com verdade, pela verdade,sem manipulações, sem mentiras e depois logo vemos o que vai acontecer (LFM)

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