quinta-feira, novembro 12, 2015

Mania de escrever: os pontos nos "iii" para evitar mais deambulações idiotas

As pessoas têm que perceber que o facto de uma pessoa, seja ela quem for, estar ligada a um partido, isso não significa que seja um mero "encarneirado", privado da sua liberdade de pensamento e de crítica, que tenha que concordar com tudo e que abdique do seu direito de ser o que é, recusando ser uma fabricação ou uma mera peça de uma máquina por vezes enferrujada e que para facilmente. Comigo isso não acontece, nunca aconteceu. Ou seja, sem abdicar das minhas opções políticas e ideológicas, que não renego,  sem colocar em causa opções partidárias com mais de 40 anos, que sempre assumi e nunca escondi, recuso ser carpete vermelha seja de quem favor, por muito que isso incomode, e por muito agreste que esteja o clima e a conjuntura política nacional. E que isto fique clarinho como água. Quando não me sentir bem onde estou, quando perceber que sou um problema, tomarei a decisão, por iniciativa própria (caso não seja expulso por divergências de opinião...) de desimpedir o caminho e afastar-me, sem receio de abdicar aos tais mais de 40 anos de militância. Sou, e repetirei as vezes que forem precisas, um defensor do líder do meu partido. Estou 100% com Miguel Albuquerque, que conheço há muitos anos, com quem mantive sempre uma relação de amizade normal e temos até família comum. Não preciso sequer de andar a insistir nisto. Irritam-se os "intermediários" que parecem querer ser agora os santarrões por detrás da sua figura. Fazendo-o por mera conveniência.
Mas nada me obriga a ter idêntica atitude relativamente aos que se apoderaram do poder no partido a nível nacional, só porque viram nele ou um trampolim para um mais fácil acesso a um poder maior, pondo-se ao serviço de uma causa ideológica que nada tem a ver com o PPD ou uma escada rolante usada no desfilar de vaidades pessoais, de ambições desmedidas, de ajustes de contas, de depuração de frustrações, na viabilização de negociatas, etc. Ou que entendem o partido apenas como um palco privilegiado para exibicionismos pessoais idiotas, incluindo de uma patética e doentia mania de superioridade intelectual, moral, ética ou política - absolutamente inexistente - que não lhes reconheço e que é alimentada pela propaganda por uma espécie de apologia de um sentimento de "salvadores da pátria" de meia-tijela.  Tenho medo desses "salvadores da pátria" de pacotilha. Salazar tinha essa mania, Hitler também, Estaline idem, Pinochet idem aspas, tal como a dinastia norte-corena, as ditaduras asiáticas, africanas ou latino-americanas, etc. O legado de todos eles, assente na mentira, no embuste, na patifaria indiscriminada, na propaganda, nas aldrabices, etc só foi sendo conhecido à medida que eles foram caindo.
Sou, e não me canso de o referir, do tempo do PPD de Sá Carneiro, um PPD que nada tem a ver com este PSD dos tempos actuais, um Sá Carneiro que não tem rigorosamente nada ver com os que agora conquistaram o partido em Lisboa e o mantêm refém ao serviço de causas que nada têm a ver com a política, a ideologia, os militantes e simpatizantes, os eleitores social-democratas em geral. Por vezes parece um lugar comum insistir nesta ideia, se quiserem um chavão gasto pelo tempo, mas por muito que isso irrite alguns, a verdade incómoda tem mesmo essa virtude, a de incomodar quem deve ser incomodado e despertar as consciências adormecidas pela propaganda porque acreditam que caminhamos para o paraíso, sem olharem para o chão e perceberem que não é sobre terra ou pedra que caminhamos. Mas sobre os destroços sociais de uma austeridade criminosa e bandalha (sobre isto publicarei outra prosa opinativa) que, sendo necessária depois da falência de 2011, não tinha que ter nem, nem a desumanidade, nem a intensidade nem o ritmo alucinante que acabou por ter. Tudo porque já em 2011 o horizonte de 2015 ditou regras e impôs calendários políticos que tinham a ver com tudo menos com a treta da frase feita do "que se lixem as eleições". A fome do poder não se compadece com estas frases feitas e estes chavões idiotas.
Vem isto a propósito do que penso desta solução de governo em Lisboa. Continuo a pensar que em termos constitucionais e parlamentares é possível, porque é uma questão de mandatos, de somatório de lugares. Em termos de ética política e tradição republicana, é uma patifaria política só admissível pelo facto de Costa, derrotado nas urnas, pretender apresentar-se no próximo congresso do seu partido com alguma coisa nas mãos por forma a garantir a sua sobrevivência política pessoal e impedir o seu imediato saneamento em linha com o que ele fez com Seguro e que provavelmente - apesar do silêncio à volta desta atitude - foi uma das causas que mais directamente contribuíram para essa derrota. Há atitudes que as pessoas não perdoam.
Não acredito na consistência da solução parlamentar encontrada, tenho a certeza que mais cedo do que esperam vão surgir problemas complicados e julgo que tanto o "dossier" TAP - e admito que muito provavelmente o governo minoritário da coligação PSD-CDS manteve o calendário da conclusão da venda da empresa certamente também com a intenção de colocar os parceiros da esquerda à guerra entre si - bem como a elaboração da proposta de orçamento para 2016 que terá que seguir para os "fiscais" em Bruxelas e depois as presidenciais, já que cada um dos protagonistas deste acordo terá um candidato próprio que fará uma campanha isolada e própria. Uma campanha que, compreensivelmente, é passível de gerar alguma conflitualidade política e críticas entre os candidatos, tal a necessidade de procurarem manter eleitores num espaço político partilhado pelos 3 partidos, tudo por causa da necessidade imperiosa de um resultado eleitoral que não permita que a eleição presidencial coloque em causa os protagonistas do acordo parlamentar  pressione a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas que duvido muito sejam ganhas pela esquerda, salvo se concorrer numa coligação. O tempo vai encarregar-se de dar razão a quem a tem.

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