"O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista em relação à economia portuguesa este ano mas, no atual contexto e depois de três anos de recessão, conseguir fechar o ano crescer não deixa de ser uma boa notícia. Principalmente quando os novos números do FMI representam o fim de uma ‘maldição’ que atormentava Portugal desde 2000: o PIB vai voltar a crescer mais do que a zona euro. No World Economic Outlook (WEO) de outono, apresentado hoje em Washington onde decorrem as reuniões anuais do Fundo e do Banco Mundial, reviu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,2% para 1% este ano. Para o próximo ano, a previsão manteve-se inalterada em 1,5%. O FMI alinha assim as estimativas com os números do governo que, em abril, quando apresentou o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) para o período 2014-2018, apontou para um crescimento de 1,2% este ano e, no Orçamento Retificativo entregue no final de agosto, baixou o valor para 1%. Em relação ao próximo ano, a estimativa do Executivo mantém-se para já em 1,5%. Aguarda-se pelo Orçamento do Estado para 2015 onde o governo apresentará a atualização do cenário macroeconómico embora, para já, de acordo com algumas notícias publicadas, tudo aponte para o que valor esperado para o crescimento do PIB se mantenha inalterado.
O REGRESSO DA CONVERGÊNCIA
Nas projeções do FMI para estes dois anos, a taxa de crescimento da economia portuguesa ficará acima da média da zona euro (0,8% e 1,3% respetivamente). Portugal consegue assim voltar a crescer acima da zona euro, o que já não acontece desde 2000. A única exceção foi a Grande Recessão de 2009 quando a contração da economia nacional foi inferior à da área da moeda única embora aí não tenha sido um crescimento maior, mas antes uma recessão menor. Este regresso da convergência acontece num ano em que o PIB nacional baterá mesmo o ritmo de países como a Bélgica, Finlândia, França, Holanda e Itália. Entre os periféricos da zona euro, a situação mais grave regista-se em Itália, que continuará em recessão em 2014 (contração de 0,2% depois de uma quebra acumulada de 4,3% em 2012 e 2013). A viragem mais surpreendente poderá ocorrer na Grécia, se as projeções do FMI se materializarem: de uma quebra de 3,9% em 2013 para uma retoma ligeira de 0,6% em 2014 e um crescimento de 2,9% em 2015, dos mais altos da zona euro. A Irlanda será o periférico da zona euro com uma trajetória de crescimento mais robusta: 3,6% em 2014 e 3% em 2015.
A economia portuguesa sai igualmente da zona de risco de deflação num ano em que a maior parte dos meses tiveram inflação homóloga negativa. FMI e governo estão igualmente alinhados nas estimativas para a inflação. Os preços no consumidor não sobem este ano, continuando um processo de descida continuada da taxa de inflação, mas a situação inverter-se-á em 2015, com o índice de preços no consumidor a crescer 1,1%.
Apenas a Grécia registará deflação em 2014. Com inflação abaixo de 1% em 2015 manter-se-ão, ainda, sete países do euro: Chipre, Espanha, França, Finlândia, Grécia, Holanda e Itália. O risco de deflação tem levado o Banco Central Europeu a tomar sucessivas medidas para estimular a economia e acelerar a subida dos preços e que pode mesmo, caso a situação não se inverta, levar a zona euro a enveredar por um programa de compra massiva de ativos quantitative easing (QE) na definição inglesa – como foi usado nos EUA, no Reino Unido ou Japão.
O REGRESSO DA CONVERGÊNCIA
Nas projeções do FMI para estes dois anos, a taxa de crescimento da economia portuguesa ficará acima da média da zona euro (0,8% e 1,3% respetivamente). Portugal consegue assim voltar a crescer acima da zona euro, o que já não acontece desde 2000. A única exceção foi a Grande Recessão de 2009 quando a contração da economia nacional foi inferior à da área da moeda única embora aí não tenha sido um crescimento maior, mas antes uma recessão menor. Este regresso da convergência acontece num ano em que o PIB nacional baterá mesmo o ritmo de países como a Bélgica, Finlândia, França, Holanda e Itália. Entre os periféricos da zona euro, a situação mais grave regista-se em Itália, que continuará em recessão em 2014 (contração de 0,2% depois de uma quebra acumulada de 4,3% em 2012 e 2013). A viragem mais surpreendente poderá ocorrer na Grécia, se as projeções do FMI se materializarem: de uma quebra de 3,9% em 2013 para uma retoma ligeira de 0,6% em 2014 e um crescimento de 2,9% em 2015, dos mais altos da zona euro. A Irlanda será o periférico da zona euro com uma trajetória de crescimento mais robusta: 3,6% em 2014 e 3% em 2015.
A economia portuguesa sai igualmente da zona de risco de deflação num ano em que a maior parte dos meses tiveram inflação homóloga negativa. FMI e governo estão igualmente alinhados nas estimativas para a inflação. Os preços no consumidor não sobem este ano, continuando um processo de descida continuada da taxa de inflação, mas a situação inverter-se-á em 2015, com o índice de preços no consumidor a crescer 1,1%.
Apenas a Grécia registará deflação em 2014. Com inflação abaixo de 1% em 2015 manter-se-ão, ainda, sete países do euro: Chipre, Espanha, França, Finlândia, Grécia, Holanda e Itália. O risco de deflação tem levado o Banco Central Europeu a tomar sucessivas medidas para estimular a economia e acelerar a subida dos preços e que pode mesmo, caso a situação não se inverta, levar a zona euro a enveredar por um programa de compra massiva de ativos quantitative easing (QE) na definição inglesa – como foi usado nos EUA, no Reino Unido ou Japão.
DESEMPREGO ALTO, MAS MENOS ALTO
O ponto negro da economia portuguesa, no conjunto dos indicadores analisados pelo FMI, é o desemprego, que, apesar de uma tendência de redução, se mantém em dois dígitos, situando-se como o quarto mais elevado da zona euro. A boa notícia é que, tal como o governo, também o FMI corrigiu drasticamente as anteriores estimativas para a taxa de desemprego. Antes, nas projeções de abril, era 15,7% e agora baixou para 14,2%. Precisamente o mesmo valor que o Executivo incluiu no Retificativo.
Para 2015, o Fundo espera uma descida para 13,5% e é de esperar que o ministério das Finanças também refaça as contas no Orçamento do Estado já que o número atualmente em vigor, que vem do DEO, é de 14,8%. Um nível excessivamente elevado tendo em conta que, neste momento, de acordo com os últimos dados do INE, a taxa está já abaixo de 14%. No próximo ano, Portugal ainda terá, no entanto, o quarto desemprego mais elevado da zona eurodepois da Grécia (23,8%), Espanha (23,5%) e Chipre (16,1%). A média da zona euro situar-se-á em 10,2% em 2014 e 9,8% em 2015. Também na balança externa portuguesa, a evolução é positiva: o excedente subirá de 0,5% do PIB em 2013 para 0,6% em 2014 e 0,8% em 2015. A trajetória é ascendente, ao contrário do que poderá suceder com a Grécia que, depois de excedentes de 0,7% do PIB em 2013 e 2014, regista uma projeção de apenas 0,1% em 2015. O nível de excedente na balança externa portuguesa é superior ao projetado para Espanha em 2014 (0,1% do PIB) e 2015 (0,4% do PIB).
Estímulo orçamental: consumir com moderação
A revisão em baixa do crescimento português este ano acontece em paralelo com o cenário menos otimista que o FMI apresenta para a Europa, em particular para a zona euro. O economista-chefe da instituição, o francês Olivier Blanchard, não deixou de fazer referência novamente, logo na sua intervenção inicial da conferência de imprensa de hoje, para a necessidade de a política orçamental ser usada na Europa. Em particular, o investimento público em infraestruturas, algo que tinha sido defendido na semana passada quando foram conhecidos os capítulos analíticos do WEO que são publicados antecipadamente àqueles que contém as novas previsões. Blanchard avisou, contudo, que a “credibilidade, que foi conseguida a um preço elevado, não deve ser ameaçada” embora isto não signifique que “não exista margem para a política orçamental apoiar a recuperação”.
Neste WEO, o FMI reviu em baixa as projeções de crescimento da economia mundial - de 3,4% para 3,3% este ano e de 4% para 3,8% em 2015 – e a zona euro foi das mais penalizadas. O cenário base do FMI assenta em seis pressupostos: moderação da austeridade orçamental nas economias desenvolvidas e em particular na zona euro;manutenção de uma política monetária fortemente acomodatícia na zona euro e no Japão; alteração suave e gradual da política monetária de estímulos da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra; diminuição das tensões geopolíticas; aceleração do crescimento do comércio global; e descida do preço médio do barril de petróleo para menos de 100 dólares em 2015" (texto dos jornalistas do Expresso, JOÃO SILVESTRE E JORGE NASCIMENTO RODRIGUES, com a devida vénia)
O ponto negro da economia portuguesa, no conjunto dos indicadores analisados pelo FMI, é o desemprego, que, apesar de uma tendência de redução, se mantém em dois dígitos, situando-se como o quarto mais elevado da zona euro. A boa notícia é que, tal como o governo, também o FMI corrigiu drasticamente as anteriores estimativas para a taxa de desemprego. Antes, nas projeções de abril, era 15,7% e agora baixou para 14,2%. Precisamente o mesmo valor que o Executivo incluiu no Retificativo.
Para 2015, o Fundo espera uma descida para 13,5% e é de esperar que o ministério das Finanças também refaça as contas no Orçamento do Estado já que o número atualmente em vigor, que vem do DEO, é de 14,8%. Um nível excessivamente elevado tendo em conta que, neste momento, de acordo com os últimos dados do INE, a taxa está já abaixo de 14%. No próximo ano, Portugal ainda terá, no entanto, o quarto desemprego mais elevado da zona eurodepois da Grécia (23,8%), Espanha (23,5%) e Chipre (16,1%). A média da zona euro situar-se-á em 10,2% em 2014 e 9,8% em 2015. Também na balança externa portuguesa, a evolução é positiva: o excedente subirá de 0,5% do PIB em 2013 para 0,6% em 2014 e 0,8% em 2015. A trajetória é ascendente, ao contrário do que poderá suceder com a Grécia que, depois de excedentes de 0,7% do PIB em 2013 e 2014, regista uma projeção de apenas 0,1% em 2015. O nível de excedente na balança externa portuguesa é superior ao projetado para Espanha em 2014 (0,1% do PIB) e 2015 (0,4% do PIB).
Estímulo orçamental: consumir com moderação
A revisão em baixa do crescimento português este ano acontece em paralelo com o cenário menos otimista que o FMI apresenta para a Europa, em particular para a zona euro. O economista-chefe da instituição, o francês Olivier Blanchard, não deixou de fazer referência novamente, logo na sua intervenção inicial da conferência de imprensa de hoje, para a necessidade de a política orçamental ser usada na Europa. Em particular, o investimento público em infraestruturas, algo que tinha sido defendido na semana passada quando foram conhecidos os capítulos analíticos do WEO que são publicados antecipadamente àqueles que contém as novas previsões. Blanchard avisou, contudo, que a “credibilidade, que foi conseguida a um preço elevado, não deve ser ameaçada” embora isto não signifique que “não exista margem para a política orçamental apoiar a recuperação”.
Neste WEO, o FMI reviu em baixa as projeções de crescimento da economia mundial - de 3,4% para 3,3% este ano e de 4% para 3,8% em 2015 – e a zona euro foi das mais penalizadas. O cenário base do FMI assenta em seis pressupostos: moderação da austeridade orçamental nas economias desenvolvidas e em particular na zona euro;manutenção de uma política monetária fortemente acomodatícia na zona euro e no Japão; alteração suave e gradual da política monetária de estímulos da Reserva Federal norte-americana e do Banco de Inglaterra; diminuição das tensões geopolíticas; aceleração do crescimento do comércio global; e descida do preço médio do barril de petróleo para menos de 100 dólares em 2015" (texto dos jornalistas do Expresso, JOÃO SILVESTRE E JORGE NASCIMENTO RODRIGUES, com a devida vénia)