Diz o Jornal I que “o
Ministério Público (MP) não devia ter passado uma declaração de inocência a
Ricardo Salgado no ano passado após o i ter revelado em exclusivo que o antigo
presidente do Banco Espírito Santo se tinha esquecido de declarar 8,5 milhões
de euros ao fisco. É essa a convicção da grande maioria dos portugueses,
segundo uma sondagem i/Pitagórica realizada entre 25 e 31 de Julho. Os
inquiridos dizem ainda não acreditar no sucesso das investigações ao BES que a
Procuradoria-Geral da República (PGR) admitiu terem sido abertas no mês
passado. Dois em cada três inquiridos consideram que o MP “errou” (36,1%) ou
“errou muito” (28%) quando, em Janeiro de 2013, passou um atestado de
inocência, assinado por Rosário Teixeira, procurador do Departamento Central de
Investigação e Acção Penal (DCIAP), organismo da PGR que investiga a
criminalidade económica mais complexa. Segundo o documento, o banqueiro não era
suspeito no âmbito do processo Monte Branco, tendo sido ouvido em Dezembro de
2012 apenas na qualidade de testemunha. Dos entrevistados, 4,2% disseram
concordar com a decisão do Ministério Público e 11,5% admitiram não ter opinião
formada. Um quinto dos portugueses disseram não saber ou não querer responder. A
decisão de emitir um comunicado em Janeiro, afirmando que não havia qualquer
suspeita sobre o então presidente executivo do BES, surgiu após o i noticiar
que Salgado se teria esquecido de declarar 8,5 milhões de euros provenientes de
rendimentos de trabalho no estrangeiro. O i revelou ainda que a última de três
rectificações de IRS feitas fora do prazo aconteceu 11 dias antes de prestar
declarações no DCIAP (em Dezembro de 2012).
Ao invés do declarado inicialmente, a colecta correspondente aos
rendimentos de Salgado passou a ser superior a 4,5 milhões de euros, e não os
183 mil euros iniciais. O magistrado do MP responsável pela investigação do
chamado caso Monte Branco referia ainda assim num despacho – tornado público –
que, “em face das declarações fiscais conhecidas nos autos”, não existia, “com
referência aos indícios recolhidos, fundamento para imputar ao requerente a
prática de qualquer ilícito de natureza fiscal”. Investigação sem sucesso A
sondagem i/Pitagórica foi feita dias depois de a Procuradoria-Geral da
República ter confirmado – a 18 de Julho – a existência de inquéritos em curso
sobre o caso BES, mas a grande maioria dos portugueses mostrou-se pouco
confiante. Da amostra, 63,3% dizem “não acreditar” ou “acreditar pouco” no
sucesso dos inquéritos ao Banco Espírito Santo tendo em conta as anteriores
investigações a bancos, nomeadamente as que envolveram o Banco Português de
Negócios (BPN), Banco Comercial Português (BCP) e Banco Privado Português
(BPP). Entre os portugueses que acreditam na eficácia e no sucesso dos
inquéritos abertos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal
(25,4%), apenas 2,8% dizem “acreditar muito”. Na prática, numa escala de 1 a 4,
os portugueses quantificam a sua esperança num desfecho justo destas
investigações com 1,9 (média). Do universo dos inquiridos, 11,3% disseram não
saber ou não querer responder”