Escreve o Dinheiro Vivo que "o novo aumento das contribuições de funcionários públicos e pensionistas para a ADSE deverá afectar 854 mil portugueses e possibilitar ao Estado um encaixe de até 660 milhões de euros. O valor é bastante superior aos 132 milhões de euros inscritos no Orçamento do Estado de 2014, onde se assumia um aumento da contribuição para este sub-sistema de saúde em 0,25%, para 2,5%. O duplo aumento da ADSE em 2014 (de 2,25% para 2,5% este mês e posteriormente para 3% ou 3,5%) é uma das fórmulas arranjadas pelo Executivo para compensar o chumbo de 388 milhões de euros da convergência das pensões dos funcionários públicos com o regime geral. A isto soma-se o alargamento do universo dos reformados sujeitos à Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES). A usufruir deste subsistema de saúde estavam, em 2013 (últimos dados disponíveis), 1,29 milhões de funcionários do Estado e respetivos dependentes (menores de 25 anos e a estudar). Mas agora não é um serviço obrigatório. Em 2006, foi instituída a possibilidade de os funcionários que entraram ao serviço do Estado nesse ano poderem renunciar. Em 2011, a possibilidade de renúncia foi alargada a todos os funcionários públicos. As primeiras estatísticas dão conta de que em 2012 renunciaram à ADSE 340 trabalhadores (200 titulares e 140 familiares), mas os sindicatos alertam que o aumento dos descontos é um convite à saída. “Até aqui não se têm sentido grandes quebras no número de beneficiários, mas é natural que este corte de salários e aumento das contribuições faça aumentar as renúncias, assume ao Dinheiro Vivo Eugénio Rosa, economista da CGTP, referindo ainda que a sustentabilidade deste sistema depende do número de pessoas que para ele descontam. A ideia é replicada por Helena Rodrigues, do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, que repudia mais um aumento e explica que “não nos foi entregue qualquer proposta; aguardamos uma reunião com o novo secretário de Estado” Do lado da FESAP, José Abraão explica que vê algum “experimentalismo” na medida e aguarda novas explicações. Para o responsável, o aumento da ADSE constitui “uma dupla penalização para os pensionistas e funcionários públicos que levam um corte e são chamados a contribuir mais”. Diz ainda que o governo não tem desculpa para aplicar estas novas taxas uma vez que “a sustentabilidade da ADSE não está ameaçada, sendo 60% das receitas provenientes das contribuições dos funcionários públicos”. AADSE dá conta de que em 2012 (ainda as contribuições eram de 1,5%), 68% dos beneficiários descontavam menos de 30 euros por mês".