quinta-feira, agosto 01, 2013

Governo cria mais um grupo informal para estudar futuro da RTP



Escreve o Jornal I que o Ministro que tutela a comunicação, Poiares Maduro, criou uma equipa com elementos do seu gabinete e especialistas externos para "fornecer ideias" sobre futuro da RTP. Qual é o modelo financeiro para garantir a sustentabilidade da RTP? Esta incógnita tem provocado alguns incómodos não só ao governo como junto da administração da estação pública. De um lado está o o presidente do canal público, Alberto da Ponte, que pede urgência ao executivo de Passos Coelho na tomada de decisões como condição básica para conseguir implementar a tempo o Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento (PDR). Do outro está o ministro com a tutela da comunicação social, Miguel Poiares Maduro, que já anunciou que o Estado vai deixar de injectar dinheiro. Assim, a partir de 2014, a RTP terá de contar apenas com as receitas da contribuição audiovisual e da publicidade, que este ano deverá cair 10% face ao que estava inicialmente previsto. No meio deste impasse surge mais um grupo de trabalho que o ministro Poiares Maduro decidiu juntar com o objectivo de debater possíveis soluções para o futuro da RTP e analisar o processo de contratação de concessão de serviço público. A tutela contudo recusa-se a assumir o "carácter formal" desta iniciativa, explicando tratar-se apenas de uma decisão que passou por reunir "um grupo de assessores" do seu gabinete com a tarefa de "trabalhar nesta matéria".
Trata-se portanto de uma equipa criada dentro do seu gabinete, mas que terá também a participação de alguns especialistas convidados por Poiares Maduro. O objectivo passa sobretudo por "fornecer ideias", uma vez que na prática não será elaborado "qualquer relatório", esclareceu fonte do gabinete do ministro. Figuras como Nuno Artur Silva, produtor de conteúdos audiovisuais para SIC e RTP, Jorge Ponce de Leão, presidente do conselho da administração da ANA - Aeroportos e ex-vice presidente da RTP, José Pedro Ribeiro, presidente Instituto do Cinema e do Audiovisual ou ainda Manuel Falcão, antigo director do canal 2, são alguns dos nomes que deverão integrar este painel de especialistas que o ministro Poiares Maduro tem vindo a ouvir, segundo o i apurou. Nuno Artur Silva, contactado pelo i, admite que foi consultado pela tutela, mas prefere não revelar em que moldes que essa auscultação foi feita, justificando que tem de ser a tutela a esclarecer essa matéria. Manuel Falcão, por seu turno, recusa-se a fazer qualquer comentário sobre este assunto, assegurando, contudo, não ter conhecimento sobre a "criação informal ou formal" de um grupo de trabalho criado pelo ministro. O antigo director do canal 2 defendeu, no entanto, que a gestão da RTP terá de ser concretizada em função dos recursos existentes e que neste momento se resumem à contribuição audiovisual: "Daí a necessidade de definir prioridades, estabelecer critérios para serviço público e, provavelmente, tomar decisões difíceis." O i tentou entrar em contacto com Jorge Ponce de Leão e José Pedro Ribeiro, mas não conseguiu até ao fecho desta edição.
MAL-ESTAR
O anúncio do corte das indemnizações compensatórias e a ausência de uma solução para o futuro da estação pública levou já o presidente da RTP a dizer que está "seriamente preocupado". Alberto da Ponte afirmou ao "Expresso" que "não há administração que consiga fazer o seu trabalho se não tiver uma orientação clara e atempada por parte do accionista". A apreensão será partilhada pela direcção do canal. Na comissão parlamentar de Ética, Cidadania e Comunicação da última quarta-feira, Poiares Maduro admitiu estarem a ser estudadas novas formas de financiamento da RTP, que poderão passar pela criação de parcerias para ajudar "a empresa a crescer".