Nesta situação caótica de crise pós-decisão do TC, Passos Coelho a reboque da demissão de Relvas e de outras mudanças previstas para o governo, pode ensaiar com Portas um golpe de rins. Qual seria esse golpe de rins? Em vez da demissão, avançar com um governo amplamente remoldelado, agora sem Gaspar, depois deste desastre da sua responsabilidade, com mais dois ou três ministérios dado o falhanço dos super-ministérios da Economia e da Agricultura - soluções absolutamente patéticas - e segurar a maioria. As eleições autárquicas e um novo elan poderia funcionar como a tónica para este golpe de rins. Mudando radicalmente uma política de comunicação política pateticamente entregue a incompetentes e "dondocas" e que foi uma das causas do descalabro deste governo e coligação. Esta área tem que ser prioritária. Ao mesmo tempo, pressionando pela decisão do TC, pode encontrar argumentos junto da troika para que as negociações em vez de endurecerem - como se pode considerar plausível - flexibilizem.
Basicamente o que temos que perguntar é isto: os nossos credores e a troika quer receber o seu dinheiro, que paguemos o que devemos sem pôr em causa a economia e a estabilidade social, sem tanta pobreza e desemprego a níveis vergonhosos, ou querer ver um pais empobrecido, destruído, mergulhado em crise social e política permanente, economicamente estagnado, sem possibilidades de pagar o que deve? Mais ainda. E o que quer a Europa? Um Portugal membro da zona euro e apoiado, dadas as suas fragilidades - que tendem a crescer na Europa - um uma zona euro mais pequena, pois ninguém me conseguiu demonstrar, convictamente, que a nossa saída do euro seja tão catastrófica como alguns arautos europeistas sustentam. Vamos a debate sobre este tema e logo se vê.