Escreve a jornalista do Jornal I, Rita Tavares, que “para o público o PS só disponibilizou a síntese do “Documento de Coimbra”. Defesa da era Sócrates, exigida pelos críticos, não consta. Conhecer na íntegra o “Documento de Coimbra” – que selou a “unidade” socialista entre António José Seguro e as correntes internas opostas – é tarefa impossível recorrendo ao site do Partido Socialista. Na página oficial do partido optou-se pela síntese das principais ideias e medidas do documento que o líder do PS levou à Comissão Nacional de 10 de Fevereiro. O que falta de relevante? A defesa do legado de José Sócrates, que consta nas 27 páginas que Seguro levou à reunião socialista de Coimbra, exigida pelos críticos da actual direcção. Contactada pelo i, fonte oficial da direcção do partido diz que “ no site optou-se por uma solução gráfica com a síntese das principais medidas” do documento que “já tinha sido amplamente divulgado”. O “Documento de Coimbra” completo foi disponibilizado aos jornalistas no dia da Comissão Nacional do partido e colocado, na íntegra, nos sites de alguns jornais nessa altura. Mas no site oficial do PS, existem links a remeterem para o texto, através de um “Documento de Coimbra conheça-o aqui”, mas da proposta original do secretário-geral do PS apenas constam as medidas defendidas pelo partido no “plano interno” e no “plano europeu”, bem como a sistematização da “agenda para o crescimento e emprego” e do “acordo de concertação estratégica”. Recorde-se que o famoso documento (que começou por ter o nome “Portugal Primeiro”, o mesmo que Passos Coelho tinha dado à moção com que se apresentou ao congresso do PSD de 2010) foi produto de uma série de reuniões que António José Seguro teve para concertar posições das várias correntes internas do partido. Aliás, a ideia de avançar com este método nasceu da reunião da Comissão Política Nacional onde António Costa entrou com planos alinhados para se apresentar como candidato alternativo a Seguro em eleições directas. A candidatura recuou já ia a noite avançada e, no final de uma reunião muito tensa entre facções, Seguro e Costa saíram com o acordo de promoverem a “unidade” do partido. Foram apenas dois os encontros, até à Comissão Nacional de Coimbra, para onde António Costa levou consigo Pedro Silva Pereira, Sérgio Sousa Pinto e Francisco Assis. Uma das principais reivindicações deste grupo era a necessidade de o partido fazer a defesa do legado de José Sócrates, que governou entre 2005 e 2011.
Em Coimbra, Seguro garantiu: “Eu não negociei com ninguém, não houve exigências de ninguém.” O que “resulta daqui não é nenhum acordo”, acrescentou mesmo o líder do PS. Por seu lado, António Costa saiu da mesma reunião a dizer: “Os contributos que tive a oportunidade de dar estão neste documento, por isso revejo-me nele.” Na versão integral, Seguro inscreveu o que inquietava sobretudo os socráticos. “Querer assacar a qualquer governo responsabilidade pela crise não é sério”, lê-se no documento completo que acrescenta: “O PS assume por inteiro todas as suas responsabilidades passadas e presentes”. O texto foi aprovado com duas abstenções da Comissão Nacional (o órgão máximo do partido entre congressos) e vai servir de base à moção que o recandidato à liderança, António José Seguro, vai levar ao congresso de 26, 27 e 28 de Abril. Aquela com que se tornou líder, em 2011, pode ser consultada na íntegra na página oficial do partido, está disponível em formato pdf”.